BUtterfield 8
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BUtterfield 8
John
O’Hara
Comprei
este livro na banca de jornal do Toninho. Diga-se de passagem foi uma luta
“entre comprá-lo, por que não comprá-lo, por fim comprei-o”. Todo problema
consistia no fato de uma confusão feita por mim acerca do nome, pensava se
tratar de BATTLEFIELD uma franquia de jogos (games), que também tem uma
sequência numérica a perder de vista, então achei que era um jogo transformado
em livro e eu não estava disposto a ler um livro com este perfil.
Até que um dia, com mais tempo, passei os
olhos na sinopse na contra capa, e me interessei pela temática, além do mais o
livro fora publicado pela José Olympio Editora, o que me fez também ler sobre o
autor, daí veio a descoberta de John
O’Hara.
Depois desta cansativa batalha, pude ter
contato com o escritor de origem irlandesa, nascido no início do século XX,
mais precisamente em 31 de janeiro de 1905 nos EUA.
De temperamento
explosivo colecionou inimizades ao longo de sua existência. Para muitos
arrogante, pouco generoso e briguento e por isso arrojado considerando o tempo
em que viveu. Associado a tudo isso tendo nascido no princípio do século XX tal
fato determinou que ele vivesse o que ficou conhecido mais tarde como a GRANDE
DEPRESSÃO, quando a bolsa de valores de Nova York foi à bancarrota em 1929.
Pois bem, esta obra foi escrita em 1935 e é na
bibliografia de John O’Hara um de seus maiores sucessos, caiu no gosto do
público quase que imediatamente, pois retratava o seu tempo. A obra em si é
como seu autor, crua, sem rodeios e de linguagem áspera. Foi tão bem recebida
que se tornou uma referência e anos mais tarde (1960) ganhou uma versão
cinematográfica estrelada por nada menos que Elizabeth Taylor , o que rendeu a
ela o Oscar de melhor atriz, além de o Globo de Ouro.
Na opinião, sobre o autor, Ernest Hemingway
diz: “Um homem que conhece com perfeição os seus temas – e os escreve
maravilhosamente bem.”
Temos aqui dois personagens principais, um
feminino, no caso Glória e um masculino, Weston Liggett, ela um trem desgovernado
e ele um aristocrata enfatuado, ela com apenas vinte e dois anos ele na casa
dos quarenta, ela, uma beleza estonteante, ele, de boa aparência e
endinheirado.
O passado de Glória de certa forma autoriza
seu comportamento nada convencional, porque vítima de abuso sexual, cuja a mãe
se recusa a acreditar tenha acontecido, o que ficou marcado para sempre em seu
caráter e ter-lhe dado aquele prazer de destruidora de homens, dominadora e
implacável.
Da mesma forma o passado por outro prisma,
nos mostra um Ligget encaminhado na vida desde cedo para obter um currículo
invejável, estudando em colégios de renome e por fim Harvard, bem assentado
economicamente e casado já a bem tempo, adora sua família, principalmente sua
filha, está em sua zona de conforto, solidamente inabalável.
É aqui que a história começa, Glória acorda
sem saber ao certo o que lhe acontecera na noite anterior e um tanto
desesperada, fica à busca de memórias que justifiquem ela estar numa cama, que
não é a sua e sozinha.
Resolve que o melhor é se levantar e
perambular pela casa, sai do quarto e vai ao banheiro, vê objetos pessoais de
mulher, agora está se lembrando, foi aquele janota desgraçado, ele a arrastou
para sua casa, rasgou-lhe a roupa no corpo e se esbanjaram loucamente até se
consumirem.
Curioso é que a deixara ali e a queridinha da
mulher onde estava?
Retorna ao quarto e vê sobre a cama do lado
em que certamente ficara o macho, um rolo de dinheiro, por curiosidade conta
nota por nota e considera pouco pelo que lhe oferecera. Fica momentaneamente
ofendida, largada no quarto e com um pagamento de prostituta, pensa “esse cara
é um escroto”.
Melhor é ver o guarda roupas, bastantes
vestidos chiques tem a madame e ora, ora, se não é um casaco de Mink, ao menos
ela tem classe.
Nesse momento lhe ocorre, que muito melhor
que o pagamento em dinheiro por uma noite fugaz, seria ela levar como
recompensa o casaco, que apesar do calor em Nova York nesta temporada, poderia
ser compensado pelo fato de que ele tendo rasgado suas roupas, bastava a ela
tão somente vesti-lo, para não sair nua em pelo do apartamento e assim ninguém
notaria ser ela a dama, que visitara sua alcova, enquanto a esposa estava de
viagem com os filhos.
Estão aqui todos os ingredientes para uma
excelente história: adultério, almas aflitas, mundos em colisão, choque de
realidades, dinheiro, violência e muito mais. Se você leu até aqui sugiro que
pegue este livro e se entregue à realidade depressiva de uma época, contada de
forma avassaladora como poucos poderiam fazer como John O’Hara.
Itaúna-MG, 18 de
novembro de 2023.
Cláudio Lisyas Ferreira Soares
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