HERESIA

HERESIA

S. J. Parris

            A idade média é período bastante incógnito, causa curiosidade e interesse geral nas pessoas. Livros que falem sobre o que se passou naqueles tempos, ainda que, ficticiamente, estão se tornando uma obsessão.

            A idade média se divide em alta, média e baixa, no caso estamos no fim do período, portanto na baixa idade média, o ano é 1583, os personagens existiram, as questões político/religiosas são o centro das atenções, não sendo menos verdade que, Giordano Bruno nessa data esteve de fato na Inglaterra.

            Estamos no reinado de Elizabeth I, protestante, a Inglaterra rompera com o papado, mas convivia intramuros com a Igreja Católica.

            O livro é um suspense histórico, rico em detalhes, S. J. Parris é o pseudônimo da autora Stephanie Merritt, crítica e articulista de diversos jornais e revistas. Este é o seu primeiro livro de uma série em que o protagonista é a figura lendária de Giordano Bruno.

            Atualmente há vários livros com esta tendência, ou seja, lançar mão de uma personalidade histórica e transformá-lo em um personagem da obra, isto aconteceu também com Edgar Alan Poe, com Dante Alighieri apenas para citar alguns.

            Para os amantes do romance histórico, com ritmo alucinante e associado a um suspense, você acaba de encontrar um verdadeiro representante do gênero.    

            A tensão cresce e o burburinho aumenta com a chegada do polêmico GIORDANO BRUNO, procurado em toda Europa pela inquisição católica.

            Fora convidado para palestrar em OXFORD. Na verdade defender sua tese de que o sol está no centro do universo e o planeta terra orbita em torno dele, a conhecida tese heliocêntrica de Copérnico.  

            Copérnico já defendera esta tese e agora depois de ser declarada HERESIA pela igreja, qualquer que a defenda está correndo sério risco de perder a vida, caso a inquisição romana prenda-o e o condene.

            A execução da pena nestes casos após processo inquisitório levava o infrator a uma retratação como ocorreu com Galileu Galilei ou à fogueira como vai se dar com o protagonista, Giordano Bruno.

            Giordano Bruno está à vontade para responder ao convite, porque não tem para onde ir, mas sabe que suas teorias são mal vistas também pelos protestantes, além do mais existe uma suspeita de que ele não é apenas um herege, mas um feiticeiro.

            Além da oportunidade de ficar longe da inquisição dos países católicos, Giordano ficou sabendo que na Inglaterra e mais precisamente em OXFORD existe um exemplar do 15º livro de Hermes Trismegistus e ele pretende encontrá-lo, comprá-lo ou roubá-lo, o que for mais viável, para enfim tê-lo.

            O livro está proibido e qualquer pessoa na Inglaterra ou fora dela que for capturado tendo em sua posse a obra maldita será sumariamente condenado por bruxaria e então para Giordano Bruno é o mesmo que sair do espeto e cair na brasa.

            Os alunos da universidade estão em polvorosa, não se fala de outra coisa, porque o reitor Underhill, vai enfrentar o convidado e todos sabem que tanto Giordano Bruno como Underhill são donos de uma oratória contundente.

            A expectativa cresce à medida que se aproxima o dia do debate, mas de madrugada logo no dia da chegada de Giordano Bruno a OXFORD, ouve-se gritos no jardim ao lado dos alojamentos.

            Uma turba de curiosos entre estudantes e professores se aglomera nos corredores e arredores, muitos quais já estão no jardim e logo se percebe se tratar de um cão enorme que está atacando alguém no pátio interior e é necessário abrir o portão para quem sabe, salvar com vida o infeliz que está sendo dilacerado.

            A rainha Elizabeth patrocina a permanência do convidado e o incumbiu de descobrir se há uma conspiração sendo arquitetada, assim outros interesses justificam a presença de Giordano Bruno na Escola e o incidente com morte de um dos professores mais renomados do local apimentam a história, acrescentando mistério ao suspense histórico imaginado pela autora.

            É uma boa leitura. Não percam a oportunidade.

            Apesar de ter uma sequência, o segundo livro da autora não é uma continuação, mas outro episódio imaginário com o herói da história.

            Agradeço a atenção e até mais ver.

Itaúna (MG), 24 de maio de 2.016.

Cláudio Lisyas Ferreira Soares.