TUDO QUE ELA SEMPRE QUIS



TUDO QUE ELA SEMPRE QUIS

Barbara Freethy
        Antigamente era comum se rotular enredos do tipo acima como romances para moças.
            Hoje a nomenclatura mais usada é romances chick-lit, que são histórias leves, divertidas e charmosas, mais próprios para a mulher moderna.
            Aqui vale lembrar que no universo de leitores os homens estão, salvo engano, e isto digo pela minha experiência pessoal, perdendo feio.
            Por ter uma biblioteca particular e que gerou um projeto de leitura a minha maior clientela é feminina, sendo raros os homens que se interessem pela leitura.
            Nosso foco, agora, é a obra acima. Fiz a leitura dessa obra em consideração às leitoras que assiduamente me requisitam livros do gênero.
            De fato trata-se de um livro leve, agradável, de fácil compreensão, sem as dificuldades da erudição linguística.
            Mas posso garantir que o leitor menos avisado ou preconceituoso, poderá se surpreender com o tema e a narrativa, porque o ritmo é intenso e os desdobramentos acentuados, sem falar no grande número de personagens.
            Parece-me uma novela, onde há um número grande de personagens que tem em torno de si outro núcleo de personagens, cuja trama os coloca orbitando entre um e outro núcleo, porém com um liame comum para o desenlace da história.
            O tempo é o atual, ou seja, hoje, mas visitado por um passado, a que todos pensam haver superado.
            Natalie está fazendo residência há quase três anos no Hospital St. Timothis em São Francisco, solteira, sem pretendentes e em matéria de sexo, está no estaleiro.
            Laura casou-se conforme era do interesse de sua família e se tornou dona de casa exemplar.
            Madison tem uma companhia de eventos, solteira, sem pretensões para casamento, mas sexualmente ativa.
            O que há de comum entre elas é que na fase da faculdade há dez anos, juntamente com Emily, faziam parte das conhecidas e badaladas as quatro fantásticas.
            Conhecerem-se no campus universitário e logo formaram o grupo, tinham tudo em comum, iam às mesmas festas, eram como os mosqueteiros de saias.
            Ah! Sim, Emily, esta é especial, de personalidade marcante e extrovertida, muito alegre, jovem e a primeira vez que ficava longe de casa, louca para estar livre da superproteção dos pais.
          Os pais de Emily são proprietários do maior jornal da cidade, ricos e poderosos, além de serem pais também de Cole, o jovem mais cobiçado da cidade. A mãe de Emily solicita a Natalie que tome conta da filha, pois ela é ingênua e sem experiência.
            No entanto, Emily é passado inquietante, é tragédia, é a razão do infortúnio de todos.
            Na festa de final de ano há dez anos, Emily teve uma queda, sendo encontrada morta e a polícia concluiu que a morte se deu por acidente.
            Apesar de o caso estar encerrado, agora uma década depois quando as cicatrizes parecem fechadas, um escritor desconhecido escreve um livro narrando uma história parecida de um quarteto de jovens universitárias, cujas iniciais são as mesmas das quatro fantásticas, em que uma delas cai de uma janela e morre.
             
 
            Na ficção diferentemente da realidade o autor deixa a entender que a colega de quarto foi a homicida e como o livro é a sensação do momento as pessoas que o leem estão ligando os fatos ocorridos com Emily e as amigas, levantado suspeitas sobre o que aconteceu naquela festa e se realmente Natalie teve motivos para empurrar Emily lá de cima.
            Apesar de se tratar de uma romance como já dissemos Chick-lit, o forte e que prende o leitor é o suspense em torno da morte de Emily.
            Outro fator são as ligações das quatro amigas a outros amigos em comum e os amores que os envolvem, além das intenções não reveladas e a hipocrisia acentuada das atividades humanas.
            Este é o tipo de livro que quando se começa quer lê-lo de uma sentada, tem uma tensão própria, clara, sem rodeios, não fica naquele vai e vem comum de quem está enchendo linguiça.
            Gosto sempre de falar algo sobre a escritora, a autora dessa obra já escreveu cerca de 30 livros, esteve muitas vezes na lista dos mais lidos tanto no US Today como no The New York Times.
            Não posso adiantar mais nada, e é claro, deixe o preconceito de lado, arrisque-se e leia, porque tem uma pitada de tudo, romance, intriga, paixão, suspense e mistério, não deixando de ter também uma surpresa no final.
            Espero ter feito meu dever de casa, principalmente, para com as leitoras de romances Chick-Lit, fiquem alertas, porque voltaremos neste mesmo jornal.

Itaúna(MG), 09 de junho de 2016.

Cláudio Lisyas Ferreira Soares

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