BILHETE PARA O CEMITÉRIO
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tirada do Google imagens
Bilhete para o
cemitério
Lawrence
Block
O
romance policial está bastante difundido, até porque as páginas policiais são
uma constante em todo jornal que se prese, pequeno, grande, periódico ou não.
“Não
matarás” é talvez o mais violado mandamento do decálogo e mata-se por vários
motivos, traição e não precisa ser por adultério, dinheiro é outro ingrediente que
justifica o ato mórbido, vício seja ele qual for pode te conduzir ao homicídio,
isto sem falar na demência e psicopatias tão em voga nos dias atuais.
Sem
dúvida a violência é a mola mestra da maioria dos temas do romance sob análise.
Principalmente se o romance for da classe “noir”, só para aqueles que gostam da
verdade como ela é, sem cores, mergulhado num mundo obscuro de mentes doentias,
apegadas ao prazer que o sofrimento alheio possa lhe dar, então você estará em
casa.
Lawrence
Block vai guiá-lo a mundo cinzento onde o que predomina é a indiferença, desde
que para se ter o que se quer, não interessa a dor do outro, se é essa dor que
o faça se sentir vivo.
O
escritor americano te apresenta Nova York como “fun city”, uma cidade que
ignora o submundo à sua volta que se revela à medida que você caminha pelos
becos, vielas, zona do meretrício, bares e pub’s, espeluncas à beira do cais,
aí você se dará conta do perigo que ela carrega nas entranhas.
Tudo
nesses lugares te sufoca, o ambiente é tenso e não se pode envolver com
qualquer distração, por que a morte espreita e ronda na penumbra.
Mattew
Scudder recebe um telefonema de sua prima “Francis”, mas não se lembra de quem
pudesse ser, então disse que não tinha nenhuma prima com esse nome, mas foi como
se identificou a mulher, que deixou o recado, disse o porteiro.
Depois
de algum tempo lembrou-se, só podia ser Elaine, uma prostituta autônoma, com
quem ele já tivera vários encontros, no entanto, tinha muito tempo que não
usava desse expediente, até porque agora não precisava mais, estava divorciado
e ela sabia disso, de qualquer forma o recado era para ligar imediatamente.
Como não podia ser diferente
melhor mesmo era ligar e saber o “porquê” da urgência.
Ligando,
atendeu a secretária eletrônica, que dizia “deixe seu recado”. Assim foi o que
fiz: “Aqui é seu primo, retornando a ligação...” e antes que terminasse ela
atendeu e disse estar com medo, e que não podia me contar por telefone e que
fosse vê-la ainda hoje no seu apartamento.
Apesar
de cansado Scudder atravessou quarteirões para vê-la. Surpreendentemente, o
motivo de todo aquele pavor, era que ela recebera uma correspondência, um
envelope, sem remetente, com destinatário escrito em letra de forma, sem nenhuma
carta e dentro apenas um recorte de jornal, noticiando a morte de Connie, uma
conhecida garota de programa que deixara esta vida e se casara e tivera dois
filhos, tendo ido morar fora de Nova York.
O
Jornal informava o assassinato de toda família, Connie, o marido e os filhos.
Elaine
desconfiava que não era um acaso, mas que se tratava de James Leo Motley, que
anos atrás perseguiu tanto a Connie, como Elaine tentando se passar por cafetão
delas.
O
sujeito era perigoso mas quem está na chuva é para molhar e pagando bem que mal
tem, então ele marcara um programa e tudo terminou em intimidação e medo para
as “meninas”.
Ambas
buscaram socorro em Matt e descreveram Motley, como violento, de linguajar
sujo. Dava medo só de olhar para ele, tinha aquele olhar gelado, pronto para
matar.
No
encontro com as duas usou poderosamente as mãos, porque os dedos foram usados
com uma truques que apertou suas axilas, quando ela reagiu aos seus desaforos.
O toque e a pressão usadas tanto nas axilas, quanto na virilha quase a levaram a
desmaiar de dor.
A única
coisa a fazer era armar para ele, porque o uso dos dedos não deixaram hematomas
e seria a palavra de duas prostitutas contra a de um cliente, bom, ele sentia
muito mas era a verdade, então tinha que ser algo mais contundente. Não podia esperar,
porque afirmara que voltaria e elas trabalhavam de forma independente.
Na segunda
visita a Elaine forjou-se o álibi que o levaria à prisão, mas isto você meu
caro e dileto leitor terá que ler – BILHETE PARA O CEMITÉRIO, este primoroso
romance de nossa época, que não fica devendo nada a ninguém, principalmente à
imaginação, dado à sua verossimilhança que de tão real nos deixa estupefatos.
Itaúna(MG),
12 de fevereiro de 2018.
Cláudio Lisyas Ferreira Soares
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