MARILYN e JFK
Imagem tirada do Google imagens
MARILYN
E JFK
François
Forestier
Nunca fui o fã mais ardoroso no que diz respeito a
ler biografias. Para ser bem sincero li esta, a do jornalista François
Forestier, primeiro porque não era escrita por um americano, o que certamente
me livraria do ufanismo próprio de quem é da terra, segundo porque a biografia
estava voltada para o escandaloso envolvimento do presidente John Fitzgerald
Kennedy e a sex appeal Marilyn Monroe e em terceiro lugar por que a narrativa
tem um tom de romance “noir” com uma puxada irônica e inescrupulosa capaz de
dar ao leitor curioso, as nuances da vida íntima dos protagonistas.
Para não ficar só nas minhas
palavras vai aqui o que diz o autor, em tom confessional, no final de seu
prólogo (que vale a pena ser lido na íntegra):
“Para
iluminar um pouco tanta escuridão, foi preciso uma sólida documentação, um
editor paciente e um defeito crucial.
Uma
má índole.
Eu
tenho. F. F.”
Meu interesse é o de qualquer um;
saber o que fez com que dois cometas de mesma magnitude viessem a entrar em
rota de colisão, sabendo de antemão que o final seria fulminante, senão
trágico.
Em plena guerra fria um político de
fama mundial tinha o dever de ser cauteloso, mas o Kennedy, John, não o era. Tinha
uma aparência hollywoodiana, não parecia mesmo um presidente pois estava mais
para ator de cinema e tinha um eleitorado feminino fiel, ingredientes
explosivos para um homem incontido.
Ribombava nos anos sessenta um
cinema com musas sensuais, o ideal helenístico de verdadeira adoração pela
imagem e culto ao corpo, bem representado por atrizes voluptuosas como Marilyn
Monroe símbolo sexual presente em nove de cada dez cardápios masculinos da
época.
Junte-se a isso tudo representantes
belos e massificadores, e teremos o êxtase da sociedade que adora o supérfluo
afastando-se cada vez mais do essencial, o equilíbrio.
A biografia vai nos presentear com
os bastidores da política americana tão corrupta ou mais que a nossa, vai
também nos premiar não com uma biografia mas com duas, mesclando-as até se
tornarem única.
O
autor é habilidoso, primeiro dá-nos os antecedentes e os espólios de John
Kennedy herdados de seu pai, um irlandês, católico de conveniência, nominal,
que mantinha casos extraconjugais sem poupar a esposa chegando ao absurdo de
apresentá-la a uma de suas amantes Glória Swanson, atriz de cinema.
Joseph Kennedy, o pai, tinha
envolvimentos com o tráfico de bebidas e com a máfia, que não se afastará de
John, sempre pressionado pelo patrocínio mafioso de sua campanha.
É tempo também de J. Edgar hoover,
tempo do macarthismo, há um clima de desconfiança e com tudo isso escutas da
CIA e do FBI, bem como da KGB, devera tempos perigosos para um caso tórrido
como foi o de John Kennedy e Marilyn Monroe.
A aproximação de John Kennedy de
Marilyn Monroe foi feita por seu cafetão de plantão o cunhado Peter Lawford,
ator de cinema casado com Patrícia Kennedy, ele já intermediara outros
encontros de John com atrizes de Hollywood e agora é a hora e a vez de Marilyn,
pois por ela se interessara ele quando foram a uma mesma festa só que foi
impedido de se aproximar, pois estava acompanhado por Jackie.
Próximos ao presidente Kennedy
estavam também Frank Sinatra, Sami Davis Júnior dentre outros que tinham tanto
relações com o cinema, quanto com a máfia.
Toda aquela admiração que temos por
aqueles anos e pela política americana, bem como, seus valores, vão
desmoronando à medida que o jornalista François Forestier dilacera as máscaras do
casal tanto quanto das personalidades que com eles se envolvem.
A cama de Marilyn era frequentada
por outro Kennedy, Robert, que sendo secretário no período em que John se
afastou dela, se conformara com a possibilidade de não ser a primeira dama, mas
a futura mulher do Secretário de Estado.
A relação começou a esquentar à
medida que as informações gravadas ou não, passaram a veicular nos tabloides e
jornais fomentando as especulações em torno do casal vistos nas mesmas festas
ou em encontros furtivos.
De tempos em tempos John tinha
recaídas visitando a alcova da decadente Marilyn, cada vez mais desesperada
pela manutenção de sua posição social.
O ano de 1962 foi culminante porque
ela passou a fazer ameaças de ir a público e como o caldeirão aumentava a
pressão, o presidente enviava o secretário para tentar dissuadí-la de tal
intento, mas Robert é diferente de John, é violento, passou a ameaçar até que no
dia 04 de agosto de 1962 Marilyn foi encontrada morta, descabelada, à beira da
piscina, depois de uma overdose de remédios.
Durante toda a tarde, foram vistos
muitos visitantes na casa de Marilyn, mas o que chamou mais a atenção foi a
visita de Robert por volta das 14:00 horas. Segundo a biografia houve uma
limpeza minuciosa do local para parecer que se tratava de suicídio no que
discorda o autor, pois está mais para queima de arquivo promovida pelo irmão.
Melhor sorte não teve John Kennedy
que em 22 de novembro de 1963, se viu alvejado pelo projétil de uma Winchester
Mannlicher-Carcano, calibre 6,5, que penetrou seu crânio abrindo uma cratera de
13 centímetros. Coincidências à parte, se foi criminoso ou não a Morte da musa
Marilyn, se os Kennedys estavam ou não envolvidos, o fato é que o encontro
estrondoso dos cometas ressoa pela eternidade a fora.
Os comentários aqui não fazem de mim
o juiz deles, porque comento a obra de François Forestier e aprendi separar os
fatos das personalidades, os homens de suas fraquezas, porque o que somos é
este misto de forças e debilidades, portanto, não foco em nenhuma delas, mas
aprendo com ambas.
Até
logo, antes vos suplico, leiam.
Itaúna (MG), 01de abril de 2018.
Cláudio Lisyas
Ferreira Soares
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