OS SENHORES DE CASHELMARA


Resultado de imagem para livro os senhores de cashelmara

                                                       Imagem tirada do google imagens

OS SENHORES DE CASHELMARA
Susan Howatch
            O gosto masculino pela leitura tende para romances históricos, assim quanto é mais comum o gosto feminino pelo romance de época.
            Comprei muitos livros e tenho vários livros que são romances de época, comportamento que é justificável porque tenho filhas e é o gosto delas, portanto tenho livros de Julia Quinn, Jude Devereaux, Lisa Kleypas, Lucinda Riley, entre outras.  
            O livro OS SENHORES DE CASHELMARA, porém, foi adquirido não por causa de minhas filhas, mas porque apesar de tudo o que foi dito, me interessou muito, porém o surpreendente foi descobrir que se trata de uma saga.
Apesar de ter características de romance de época esta saga assim o é, por se tratar de uma narrativa na qual o autor conta uma história que passa por diversas gerações de uma família, grupo, clã ou nação.
Talvez por isso agrade a gregos e troianos porque tem elementos históricos e é contado por personagens fictícios abordando aspectos sociais e culturais daquele tempo como se dá nos romances de época.
A autora dividiu o livro em seis partes e cada uma fala de um personagem central em torno do qual orbitam as demais personagens, típico do gênero novela. O leitor sentirá que embora o romance seja assim bem definido, todos os personagens quando não é o personagem central, fazem parte da trama dos demais ocupando um espaço determinado no enredo.
Susan Howatch associou cada um de seus personagens nucleares a uma característica de seu temperamento, construindo personalidades distintas uma das outras, Edward é o dever, Marguerite é a fidelidade, Patrick é a lealdade, Sarah é a paixão, Maxwell Drumond é a ambição e por fim Ned é a vingança.
Há também personagens secundários que como coadjuvantes permitem delinear as personagens principais de forma esclarecedora, ora confrontando-as, ora apoiadas por um ou outro personagem de maior quilate.
A escrita é suave e precisa, sem rodeios, com descrições de lugar, tempo e personagens e informação suficiente capaz de formar a imagem de cada um, sem ser enfadonho.
Edward, já estava viúvo há oito anos, quando na primavera de 1859 visitou a América.  Com a morte de seu irmão David não confiava em ninguém capaz de resolver os negócios de família com o primo Francis nos Estados Unidos.
Por outro lado seu irmão sempre insistia que ele conhecesse Blanche, que apesar de muito jovem demonstrava muita maturidade e certamente quem sabe ele poderia sentir-se motivado a abandonar a viuvez, com o que é claro, Edward discordava.
Ainda se ressentia da perda de David seu último vínculo com o passado, foi quando recebera da América uma longa carta de condolências, tudo porque Blanche vira o obituário de David no Times e escrevera dizendo compartilhar de sua profunda dor.
Dizem que a necessidade faz o sapo pular e nada melhor do que uma visita para resolver questões que David fazia muito bem quando ia pessoalmente aos Estados Unidos. Ademais era a oportunidade de conferir se a Jovem era mesmo tudo o que lhe dissera o falecido irmão, sendo propício fazê-lo agora porque ela já estaria com 20 anos.
Francis Marriott fora recebê-lo no cais reservado ao vapor da linha Cunard. Nova York era uma efervescência mesmo depois de haver fechado a porta à imigração irlandesa a cerca de dez anos.
Estava muito quente e o suor escorria pela face, seguiram direto para a casa onde a família o esperava no vestíbulo. Logo Edward reconheceu Blanche, era menor do que imaginara, mas o corpo era atraente e pela primeira vez, foi forçado a admitir que o irmão David não houvesse exagerado em nada, por que o conjunto de aspectos físicos da jovem era de impressionar tinha “a pele pálida e imaculada, os malares salientes, o pescoço comprido e adorável.” Fez de tudo para manter uma expressão neutra enquanto Francis apresentava sua esposa Amélia e os filhos Sarah e Charles, só então depois de toda a formalidade é que efusivamente Francis apresentou-lhe a irmã Blanche se esquecendo de sua irmã mais nova. 
Cortês, Edward, não ignorou Marguerite e dispensou à mesma depois de apresentada por Francis, uma atenção especial que não dera a sua irmã Blanche, conseguindo assim disfarçar de certa forma sem deslumbramento pela prima mais velha.
Os dias se passaram e a companhia de Blanche foi cada vez mais frequente e a aproximação se fez inevitável apesar da cerimônia inglesa tão patente em Edward. Porém no dia que antecedeu sua partida para Washington ficaram pela primeira vez a sós no jardim da propriedade e Blanche aproveitou para se despedir não sem antes insistir com o primo que ficasse e como não capaz de dissuadi-lo deu-lhe um beijo na face e saiu correndo para dentro da casa deixando-o confuso com tudo aquilo porque não era um comportamento aceitável para os ingleses.
Fato é que passado o frenesi Edward adentrou a casa para se despedir de Francis e dos demais, seguiu direto para a sala principal, mas no corredor ouviu que o primo repreendia a irmã Blanche pela sua atitude no jardim vista por ele da janela da sala. Até aí nada poderia ser tão frustrante, não fosse à revelação de que tudo não passara de um ardil promovido pelo primo Francis que tencionava empurrar a irmã mais velha para um casamento de interesses, pois se encontrava endividado com a crise da bolsa de valores de dois anos atrás.
É de partir o coração ver um homem de sessenta anos arrasado pela simples declaração da pretendida que irada disse:
“Pois a culpa é sua se isso aconteceu! Jamais quis ter qualquer relacionamento com o primo Edward. Você é quem insistiu... escreva para o Primo Edward, seja gentil com o Primo Edward, lisonjeie o Primo Edward...”. 
  Transtornado apalpando a parede do corredor percebeu estar diante de uma porta, girou a maçaneta entrou numa antessala, apertando a testa com as mãos abriu os olhos pela primeira vez e viu Marguerite assentada atrás de uma mesa de frente para um tabuleiro de xadrez.
Sinto muito caro leitor tenho que encerrar isto é apenas um vislumbre do que te espera nesse livro de 739 páginas, porque quando você terminá-lo terá certamente lido cerca de seis grandes histórias. Atreva-se e leia, pois recomendo com louvor.
Itaúna (MG), 11 de julho de 2018.

Cláudio Lisyas Ferreira Soares. 


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

BUtterfield 8

O DESPERTAR DE MENFREYA

O FIO DA NAVALHA