O MIRANTE
O MIRANTE
Michael Connelly
O romance policial que normalmente se passa
em ambiente de delegacia teve muita difusão nos anos 80 e 90 e há uma gama
enorme de autores, dos quais o escritor Michael Connelly é um dos mais
conhecidos.
Ele é o criador do detetive Harry Bosh, um
sujeito de temperamento irascível e imprevisível, totalmente desconfiado,
confia somente em suas próprias habilidades e diga-se de passagem são a de um
cão perdigueiro dos melhores, com as qualidades e defeitos que tal característica
possa lhe trazer.
Este é seu romance de estreia. Michael
Connelly é jornalista e escritor e iniciou este livro em forma de folhetim para
ser publicado capítulo a capítulo na New York Times Magazine, o que se deu por
16 capítulos, porém a força do destino o levou a ampliar a estória, que logo
ganhou forma e relevo de um romance.
Não precisa se falar do sucesso imediato, e o
detetive falastrão e durão se tornou o protagonista de uma série que foi parar
até na Amazon Prime já com várias temporadas no ar desse streaming.
Era noite e Bosh estava relaxando em seu
apartamento. Estranhamente tem o costume de ouvir música no escuro, segundo ele
para dar à audição maior percepção musical.
O telefone tocou e como ele esperava, um
caso, era seu supervisor Larry Gandle da Delegacia Especial de homicídios. Era
sua primeira ligação no novo emprego, o que explica a ansiedade.
Passados os pedidos de desculpas por ligar
àquela hora, Harry procurou acalmar o supervisor dizendo que estava acordado.
Los Angeles é uma cidade grande e está
dividida em vários setores, com ampla cobertura policial, mas quando a coisa
parece grande e vai ocupar muito do tempo das unidades eles tratam de acionar o
departamento especial de homicídios. O que acontece quando envolve políticos,
celebridades ou seja midiático.
Bosh está particularmente ávido por entrar em
ação e vai logo perguntando:
“Onde é?”
O supervisor respondeu:
“É lá no alto da represa
Mulholland, naquele Mirante.”
Harry Bosh já estivera lá uma vez, sabia bem
onde era.
Perguntou o de praxe e sem demoras entrou no
carro e dirigiu-se até o local. Havia muitas casas caras e tudo já estava
cercado, tomaram nota do número de seu distintivo e ele cruzou a fita amarela
de isolamento. Lá já se encontravam o médico legista e toda a parafernália da
polícia especializada, havia inclusive um deles tirando fotos do cadáver.
Larry Gandle estava certo, fora uma execução.
Levaram o cara lá para cima e deram dois tiros na sua nuca enquanto ele olhava
a cidade lá embaixo. O lugar era próprio tinha até placas dizendo: “NÃO
ESTACIONE e MIRANTE FECHADO AO ANOITECER”, um daqueles casos em que tudo
conspira para o final planejado.
Poderia ser um assalto, mas não levaram nada
e deixaram inclusive o Porsche Carrera da vítima, agora, devidamente isolado
para afastar curiosos, o estranho é que o porta-malas estivesse aberto.
Xeretar é uma de suas melhores qualidades,
isso na sua opinião particular sobre si mesmo, mas sempre aquilo trazia sérios
desconfortos e reclamações, tanto quanto reprimendas de seus superiores.
O fato é que ele não conseguia resistir,
tinha por que tinha, que enfiar aquele nariz em tudo que chamasse sua atenção,
que no momento era o porta malas aberto do Porsche.
O suspense é de qualidade, vale muito a pena
conferir. Toda a ambientação justifica o sucesso da obra e nesse romance em
particular o autor faz menção a ECHO PARK o romance considerado por muitos o
melhor deste escritor e de seu personagem Harry Bosch.
Se acaso você não se apaixonar com este tente
o próximo.
Itaúna-MG, 09 de
abril de 2022.
Cláudio Lisyas Ferreira Soares
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