O FIM DO VERÃO
O FIM DO VERÃO
Rosamulde Pilcher
Rosamulde
Pilcher tem uma legião de fãs. Aqui no Brasil suas publicações são sempre
aguardadas por aproximadamente 50 mil leitores cativos. Como se vê é a
escritora escocesa mais lida em nosso país. Tem mel na ponta da caneta, uma
escrita leve, suave, temperada com singularidade e bastante fácil de ler. Não
se demora nas descrições, não que com isso abdique de fazê-las.
Seus romances na maioria se passam na Escócia
sendo sua região preferida a Cornuália, o clima frio do inverno ou mesmo ameno
no verão contrasta com o que estamos acostumados.
É escritora de seu tempo, suas histórias se
passam no presente, ou seja, Século XX, o século dela, pois nascida em 1924 e
ainda viva, passou sua infância, juventude e boa parte de sua vida adulta nos
anos que se seguiram neste século. Ela tem uma bibliografia extensa tendo
ficado mais conhecida com a publicação do romance OS CATADORES DE CONCHAS, um
verdadeiro calhamaço que arremessou a autora para o estrelato. Vive ainda na
Escócia às voltas com seus jardins e a cozinha local em que faz biscoitinhos
amanteigados com mel.
Este romance tem apenas 191 páginas está
entre os menores escritos da romancista, mas não se deixe enganar por isso,
porque entrega o que promete. Há um mistério envolvendo a separação da neta e de
sua avó, além de se tratar de um drama familiar encantador.
Tudo tem início quando Jane está curtindo
suas férias de verão na praia, apesar de morar no ponto mais isolado da costa
californiana. Reef Point, nos últimos tempos tem ficado mais concorrida com
multidões brotando no lugar.
Toda essa movimentação serve para quebrar o
tédio, porque o pai de Jane anda muito ocupado para cumprir o prazo de entrega de
um roteiro e quando a maré é essa, seu estado de espírito não ajuda em nada.
Foi aí que resolvi dar um tempo e saí em
direção à praia, levando sanduíche, refrigerante, um livro para ler, uma toalha
e Rusty, meu cachorro, sempre uma boa companhia.
Papai não goza da mesma opinião não considera
Rusty nosso cachorro, segundo ele nós é que pertencemos a ele, porque é assim
que o cachorro pensa e age.
Ele tem a pretensão de se livrar do bicho e
vai logo perguntando se eu estou tentando ficar com ele. É obvio que
desconverso e digo que não sei o que fazer com o animal, mas sabe como é,
objetivamente, papai diz, que pode dar um tiro nele.
- Papai seja razoável.
-
Jane ele deve ter pulgas.
- Eu compro uma coleira anti-pulgas.
Levantei-me e fui à Clínica veterinária em La
Carmella e só voltei depois que me venderam uma coleira, assim ficava encerrada
aquela conversa.
No domingo decidi ir nadar e Rusty sempre me
acompanha claro que às vezes acho que vai desistir, mas no final, mesmo ficando
para trás, ele chega.
A praia está cheia, tem gente de tudo que é
tipo, hippies, surfistas, banhistas e vendedores. Não sei mesmo como podem
ficar um dia inteiro em cima de uma prancha, sentados, agachados, montados, de
joelhos, mas nas pranchas. Onda vem, onda vai e eles não vão embora antes que
escureça.
Havia naquele dia muitos jovens, rapazes e
moças, mas só um me chamou a atenção, ele era louro, muito bronzeado, cabelos
curtos e vestia uma roupa de neopreme da cor azul de sua prancha. Sabia surfar
e de modo nenhum ficou devendo a quem quer que seja, parecia profissional.
Depois de uma exibição memorável decidiu deixar outras ondas para outro dia e
encaminhou-se pela areia até onde estavam suas roupas, passando ao meu lado.
Enquanto vestia uma blusa ao passar a cabeça
pela gola, olhou diretamente para mim e eu o encarei sem desviar o olhar.
Conversamos bastante, respondemos perguntas mutuamente,
por fim disse que nos veríamos no domingo.
Para começar estava bom, mas a vida tem
outros planos...
Curioso? Esta é a intenção. Tem que se ler o
livro para saber o que a vida pode propor.
Itaúna-MG, 22 de
dezembro de 2022.
Cláudio Lisyas Ferreira Soares
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