O CHAMADO DO CUCO
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O chamado do cuco
Robert Galbraith
O prólogo deste livro se abre com uma citação latina: Is demum miser est, cuius nobilitas miserias
nobilitat., que para nós hoje está mais inalcançável do que para os
leitores do início do Século XX, porém cônscio disto o escritor vem logo abaixo
com a tradução para nosso vernáculo nas seguintes palavras: Infeliz é aquele cuja fama enobrece suas
desgraças.
Londres
e uma madrugada gelada, em que se esperava o silêncio vê-se de fato um
burburinho como enxame de moscas. A polícia já tomara conta de manter afastados
os insuportáveis paparazzi, os fotógrafos das agências de notícia, os
repórteres, a imprensa escrita e televisa, enfim os bisbilhoteiros de plantão.
Vinham
de toda parte, inclusive furgões com antenas de satélite no teto, alguns do
estrangeiro. Estava um frio de matar e entre um fleche e outro e cliques das
máquinas fotográficas os repórteres batiam os pés e as mãos no intuito de
afastar a dormência causada pelo clima gélido.
Agora
depois de horas de transmissão incessante da tragédia, a população começou a se
aglomerar entorno da região, querendo porque querendo, se aproximar e ver pela
última vez a sua musa, principalmente aqueles que tinham por ela verdadeira
veneração, sem se falar do bando de curiosos, que por não ter o que fazer, se
alimentam das frivolidades do novo século, acostumados que estão com os reality
shows proporcionando o tipo de entretenimento fugaz e fútil tão comuns a esta
geração.
Os
detetives odeiam tudo aquilo, armara-se uma tenda branca bem no meio da avenida
para evitar uma exposição maior, enquanto faziam uma análise das circunstâncias
que envolviam a morte. O inspetor-detetive Roy Carver sentia seu mau humor
característico só aumentar, enquanto o sargento-detetive Eric Wardle anunciava
que a ambulância estava a dois minutos dali.
Enfim
de forma ainda não conclusiva, mas primária, a avaliação era de que a “infeliz pulou.
Não tinha mais ninguém lá. A suposta testemunha está entupida de cocaína...”
Esgotada
a notícia nada mais foi dito, até porque já se dissera muito mais do que
deveria ser relatado de tudo aquilo.
TRÊS
MESES DEPOIS.
Robin
Ellacot não podia imaginar que naquele dia, seria o inesquecível dia, em que
Matthew lhe proporia casamento ali, embaixo da estátua de Eros no Picadilly
Circus. Olha que ele foi muito romântico porque o fizera somente à meia-noite.
Mas nem tudo são flores e ela pretendia sair daquela rotina de trabalho
temporário, porque desde que chegara a Londres esse era seu cotidiano, mas
agora parecia ser diferente, porque teria entrevistas de emprego verdadeiro.
No
entanto, no momento, ela se dirige a seu próximo emprego de uma semana. Robin
nos seus 25 anos é uma mulher bonita e isto digo sob quaisquer padrões, é alta
e curvilínea, de cabelos compridos louro-avermelhados e em passo acelerado eles
ondulavam incessantemente. Vinda do interior ela sempre se desconsertava à
procura de escritórios na vastidão londrina. Não era diferente desta vez estava
atrapalhada com todas aquelas ruas e corredores citadinos, mas ao adentrar uma
viela na Denmark Place deparou –se com uma rua curta cheia de fachadas
coloridas de lojas.
Estava
um pouco esbaforida e olhando constantemente o relógio constatou que estava
ainda 15 minutos adiantada, foi quando deparou com uma porta pintada de preto
ao lado do 12 Bar Café, estendeu a mão para campainha, quando a porta se abriu
e por pouco elas não se colidiram. Passado aquele vislumbre, ambas assustadas,
seguiram cada qual seu rumo. Robin teve impressão de que apesar de momentâneo o
encontro, ela seria capaz perfeitamente de desenhar aquele rosto incrivelmente
bonito, que contemplara a distância mínima de um palmo.
Antes
que fechasse a porta Robin a segurou com firmeza, subiu os degraus da escada
evitando tanto quanto pode deixar, que o salto do sapato se prendesse nos vãos
dos lances da escada, assim se deu até alcançar o primeiro andar.
Estranhou
que pela primeira vez nada disseram sobre o tipo de trabalho a que estava sendo
enviada. Havia um papel gravado ao lado da campainha dizendo C.
B. Strike
e
abaixo Detetive
Particular.
Robin
ficou estatelada em frente à porta, boquiaberta não sabia definir o próprio
espanto, jurava para si mesma que jamais confidenciaria, nem mesmo ao Matthew
(seu noivo), o desejo oculto e infantil, alimentado desde a infância, de
trabalhar em um escritório de detetive.
Parada
ali, foi novamente surpreendida, quando a porta se abriu de repente e um homem
de cem quilos aproximadamente, chocou-se contra seu corpo arremessando-a para
uma queda pela escada letal atrás de si.
Instantaneamente
assim que percebeu o encontrão com alguém na sua entrada e vendo que a atirara
longe estendeu o braço e segurou firmemente um amontoado de carne e roupas, que
gritava descontroladamente, enquanto ele mesmo em alta voz dizia: MEU DEUS!
É
claro, meu caro leitor, que para saber mais será preciso debruçar-se, sob o
primeiro livro de uma série escrita por J. K. Howling, que certamente cansada
de só ser reconhecida pelas obras do bruxinho Harry Porter, pretendeu escrever
para o público adulto sob o pseudônimo de Robert Galbraith e no melhor estilo
de romance policial inglês trouxe de forma brilhante a existência o emblemático
detetive particular Cormoran Strike.
Itaúna-MG,
06 de maio de 2023.
Cláudio Lisyas Ferreira Soares
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