WIN
Win
Harlan
Coben
Harlan Coben dispensa apresentações para os
leitores de romances de suspense recheados de intrigas e reviravoltas. Mas para
aqueles que nunca leram nada dele e pensam que não conhecem nada do autor podem
estar enganados, porque tem diversas obras vertidas para o cinema e plataformas
de streaming. Para elencar algumas séries temos: Confie em mim, fique comigo,
desaparecido para sempre, silêncio na floresta, a grande ilusão, safe, não fale
com estranhos e o inocente.
A NETFLIX adaptou todas as séries acima,
quando vai chegar a vez de Win não sei, mas quando vier será bem-vindo.
Este não é o primeiro livro do romancista que
comento, mas certamente é o que mais gostei.
Ele tem aquele gosto de herói-vilão, não se
trata aqui de um anti-herói como é caso de Ripley, o personagem é apenas um sujeitinho
rico metido a besta, num linguajar mais rasteiro, um janota.
O autor sem rodeios nos joga no mundo do
milionário WIN, um diminutivo de Windsor Horne Lockwood III, um pulha,
indivíduo que tem suas próprias regras e não se sujeita a nenhuma outra,
entende que o dinheiro compra tudo, inclusive, o direito de fazer justiça com
as próprias mãos e não se engane ele faz.
Basta um bom motivo para
ele se transformar em o Juiz e o carrasco, sem promotor, porque não haverá
acusação apenas e tão somente justiça, a dele.
Estamos no final da temporada de basquete. O
patrocinador da equipe de South State University é Win, no momento pesaroso,
porque seu amigo Myron Bolitar não está presente.
O protagonista depois de descrever seu
vestuário nos dá uma ideia de como ele é ao dizer: “Sou um salafrário total. E
também, para os que não entenderam o subtexto, sou rico.”
Vai
saber como alguém como Myron é amigo dele, mas é.
A quadra central está lotada o time da casa,
o seu, precisa da vitória para sagrar-se campeão. O jogo está parelho, faltando
poucos minutos para o final e ainda não se sabe quem vencerá. Agora ele olha o
placar e a equipe da casa está em desvantagem perdendo por um ponto e faltam
poucos segundos para terminar, a bola saiu e será retomado o jogo da lateral da
quadra pela sua equipe, será também a última tentativa para virar o placar e
sair dali nos braços da torcida. O técnico pede tempo, arruma o time, combina
que a melhor estratégia é que a bola tem que chegar às mãos da sensação da
temporada March Madness, tudo acontece como previsto, faltando apenas alguns
segundos para o término da partida vem o arremesso e a cesta e a arena vem
abaixo.
Win não comemora, recebe alguns apertos de
mão, está mesmo de olho no assistente técnico de sua equipe o que fez durante toda
partida, porque ele não estava ali para assistir jogo, veio porque tem um
acerto de contas.
O homem é grande, tem fama de bom de briga,
não é à toa que o chamam de Big “T”, dizem que é severo e exigente, porém como
dizem por aí “quanto maior o cara, maior a queda”.
Win tem tudo planejado enviou convite para o
assistente técnico em local diverso da comemoração. Duas horas depois lá está
Big T e vem em sua direção, o dilema não é como vai machucá-lo, mas o quanto.
Apesar de esta obra ser atual, ou seja, nos
dias de hoje, ela tem um ar de romance “noir” típico dos anos quarenta e
cinquenta, de autores consagrados como Dashiell Hammett, Raymond Chandler,
David Goods, James M. Caim e Ross Macdonald, dentre outros.
O clima de mistério associado ao suspense com
doses homeopáticas de violência física, sem se falar no escracho e linguajar
frouxo, lembram o romance “noir” mais recente do escritor Lawrence Block, enfim
é este clima que vai permear todo o romance para nos levar a um final imprevisível,
numa trama bem construída e coesa.
Para
quem gosta, este livro é uma delícia.
Itaúna-MG, 13 de abril de 2024.
Cláudio Lisyas
Ferreira Soares
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