MURMÚRIO DO VENTO



Murmúrio do Vento - Saraiva



MURMÚRIO DO VENTO
Frederick Forsith


            Naquele afã de ler um romance que falasse sobre um dos episódios mais marcantes da investida americana rumo ao oeste, o conflito indígena com as tropas da União sob o comando do lendário General Custer e o massacre de “Litle Bighorn”, encontrei numa de minhas garimpagens na internet a obra Murmúrio do vento do emblemático Frederick Forsith.

            Fiquei encantado com a possibilidade de ler um romance histórico escrito do ponto de vista britânico sobre o fatídico encontro da 7ª Cavalaria e do General Custer com as hordas de índios lideradas por Touro Sentado. Tal acontecimento passou para a história americana como a tragédia, que pôs fim a carreira do brilhante e mais novo general do exército do Estados Unidos da América.

            Mas surpreendentemente o livro dedica pouco espaço para o drama da batalha a que nos referimos. Está mesmo focado no único sobrevivente ficcional do confronto o batedor de fronteira Ben Craig que, depois do General Custer ter ordenado a separação da companhia em três tropas distintas resolveu levantar acampamento e avançar sobre um descampado à margem do rio Litle Bighorn, quando já tinha sido enviado à frente de suas tropas para reconhecimento do terreno.

            Tão logo Ben Craig chegou à margem do rio Rosebud pôde perceber um acampamento indígena que pelo formato das tendas eram do estilo cheyennes do norte, provavelmente os caçadores estavam fora, porque só via pôneis, crianças, mulheres e idosos.

            Havia com ele um destacamento de soldados loucos por sangue e apesar de se tratar apenas de um grupo sem os guerreiros, o batedor Ben Craig, não conseguiu impedir o ataque e a chacina, no entanto, quando se aproximaram de uma menina escondida nos arbustos, o batedor, convenceu-os de que ela poderia ter informações sobre a presença dos índios nas redondezas e que seria útil levá-la ao General Custer para interrogatório.

            Ao cair da noite, o batedor resolve na surdina soltar a menina e ceder sua montaria para que fuja do local, o que lhe causou problemas de toda ordem já que surpreendido pelo sargento Braddock, foi espancado e preso para ser julgado por crime de guerra.

            Há muitos desdobramentos nesta história, porque enquanto isso o cerco às tropas da 7ª Cavalaria já era acontecimento real e a chacina no acampamento indígena resultou no patrulhamento da área, culminando com a captura do agrupamento liderado por Braddock.

Os cheyennes da tribo estavam no seu encalço e Ben Craig só não morreu porque a menina filha do chefe interviu dizendo ser ele o responsável por sua fuga e libertação.

            Aqui a história toma outro rumo. Agora, Ben, não pode mais voltar para o exército, também não quer ficar com os índios e seu coração já está rendido pela adolescente filha do chefe, que está prometida a um guerreiro da tribo e neste caso o certo mesmo é ir embora.

            O problema dessa obra é que há uma inexplicável viagem no tempo em que o personagem principal é catapultado para cem anos à frente de seu tempo, vindo parar na mesma região em que anteriormente estava, para viver uma outra história de amor num tempo que não é o seu e que também não compreende.

            As transições temporais são inverossímeis e só multiplica a tragédia pessoal do protagonista.

            De fato não seria uma boa estreia para se conhecer FREDERICK FORSYTH, autor espetacular no gênero que o consagrou de intriga e espionagem internacional, mas que se aventurou nesse caso numa praia que não é a sua, sendo este um bom exemplo de que até autores fenomenais cometem deslizes.

            No entanto, a crítica acima não deve ser levada ao pé da letra, porque a obra é muito bem escrita e o talento é inegável mesmo num romance menor dentro do legado deixado pelo escritor britânico.  

            Sugerimos este livro como entretenimento e contato com uma das inúmeras teorias que cercam o massacre de Litle Bighorn, além do mais a leitura o fará conhecer outras obras do autor como CÃES DE GUERRA, O QUARTO PROTOCOLO e O DIA DO CHACAL, onde o autor é sublime.

            Não ficaremos nesse comentário porque inevitavelmente comentaremos um dos livros acima em breve. Enquanto isso ... BOA LEITURA.


Itaúna(MG), 03 de novembro de 2016
Cláudio Lisyas Ferreira Soares

    





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