UM CRIME DE ENCOMENDA


Resultado de imagem para livro um crime de encomenda

UM CRIME DE ENCOMENDA
Ellery Queen

                        Se você pensa que já ouviu falar de tudo sobre romance de detecção, prepare-se, porque talvez você ainda não ouviu falar de Ellery Queen.
                        Como já dissemos anteriormente houve uma febre nos anos 20 e 30 com o que chamamos romance “noir”, com seus detetives grosseirões e beldades desprotegidas carecendo de ajuda.
                        Pois bem, foi também no final dos anos 20 início dos anos 30 que nos EUA surgiram os chamados concursos literários prometendo prêmios e publicações de romances originais e inéditos. Foi de fato uma pandemia. Os escritores afluíam animados com a possibilidade de escreverem e verem seus romances publicados.
                        Em 1928 a Revista McClure’s era uma das responsáveis pelo fenômeno literário e o prêmio cobiçado daquele ano foi para a dupla de primos Frederic Dannay e Manfred B. Lee, com o romance The Roman Hat Mistery, que em português foi intitulado como “Um morto na plateia”.
                        Na verdade os primos Dallay e Lee, adotaram esses pseudônimos e seus nomes, mesmo, eram Daniel Nathan e Maniord Lepofsky. O que importa é que assim nasceu o detetive ELLERY QUEEN. O sucesso instantâneo levou-os para HOLLYWOOD, pois foram contratados pelos estúdios da COLUMBIA, MGM e PARAMONT para escreverem roteiros cinematográficos.
                        O romance em questão é o romance em que ELLERY QUEEN deixa Nova York e parte para uma cidade do interior, no caso, Wrightsville, cidadezinha interiorana, bucólica e efervescente, estava passando por um surto de crescimento e em virtude disso não havia VAGAS em nenhum hotel ou mesmo numa espelunca qualquer.
                        Isto para o escritor, sim escritor, porque Ellery Queen é um famoso escritor de romance policial, não é empecilho porque ele não tem pressa, vai dar uma volta na cidade e se inteirar do ambiente, mas não sem primeiro almoçar ali mesmo no Hollis Hotel e quem sabe mais tarde seguir rumo a Lower Main até o Jornal “Crônica de Wrightsville” de Frank Loyd, para depois procurar uma imobiliária. Foi assim que conheceu a casa da calamidade a única disponível em toda cidade para ser alugada.
                        J. C. Pettigrew, proprietário da imobiliária que leva o seu nome, conduz o escritor até a casa mal afamada da colina, esclarece que pertence ao Senhor John F. Wright, presidente do Banco Nacional de Wrightsville, descendente do fundador da cidade, ou seja, a fina estirpe da sociedade local.
                        Pettigrew inteira-se de quem se trata Ellery Smith e como leitor que é logo reconhece estar o escritor usando um pseudônimo, em pouquíssimo tempo a notícia se espalhara e a provinciana Wrightsville só falava disso em todo canto. Porque o Sr. J. C. não tinha papas na língua.
                        É óbvio que até o mais tolo dos homens ficaria intrigado com o nome que o imóvel aquinhoou, por isso nada mais natural do que indagar os fatos e para isso ele estava com sorte porque o falante Pettigrew não poupou comentários a respeito. É que a filha do meio de John e Hermione, Nora, estava prestes a casar-se com Jim, rapaz que viera para a cidade acerca de três anos atrás e construíra uma sólida carreira no Banco do pai de Nora e após um ocasional encontro foi amor à primeira vista, não se falava doutra coisa na cidade a não ser no casamento entre os pombinhos. No entanto, na véspera do dia do casamento, Jim desapareceu, sem dar qualquer justificativa e Nora se trancafiou no quarto para não mais ser vista em lugar algum.
                        A casa feita pelo pai e mobiliada pela mãe ficou fechada por bastante tempo, até que foi colocada para alugar e também não obteve resultado favorável, porque à medida que se tomava conhecimento dos episódios os locadores desistiam de alugar o imóvel.
                        Para Ellery Queen o que espantava os outros na verdade o atraía, porque era o clima ideal para seus romances de mistério e aquela casa próxima da mansão dos Wright era promissora, além do mais a filha caçula era um encanto, como se diz por aqui “um pingo d’água na flor do inhame”.
                        A Senhora Hermione ao saber se tratar de um escritor ficou entusiasmada e de um total desinteresse em alugar o imóvel passou a estimular que a mesma fosse alugada imediatamente. O interesse não ficou restrito à euforia da mãe, porque Patrícia se interessou foi pelo escritor que lhe pareceu familiar só não sabia de onde.
                        Assim unindo o útil ao agradável lá se vai Ellery Queen sem dificuldade ou superstição ocupar a linda casa da colina e avizinhar-se do poderoso John F. Wright, para desgosto de Carter, promotor público, namorado de Pat.
                        Mas isto é outra história e hoje ficaremos por aqui, porque como de costume a revista Ellery Queen fundada em 1938, tinha por hábito levar o suspense a sério e sempre deixava no final um espaço para o leitor descobrir, após dar todas as pistas, quem era o assassino, qual a motivação e que instrumento fora usado, bem como, quando e como agiu.
                        Em quinze dias voltaremos, até lá leiam porque é melhor que qualquer programinha de TV.
                        Itaúna (MG), 17 de novembro de 2016.


Cláudio Lisyas Ferreira Soares

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

BUtterfield 8

O DESPERTAR DE MENFREYA

O FIO DA NAVALHA