ESSAS COISAS OCULTAS
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ESSAS COISAS
OCULTAS
Heather
Gudenkauf
Allison, 21 anos. Cinco anos de
cadeia cumpridos em Cravenville dos dez de sua condenação. Ali sentada
esperando ser levada para o centro de reabilitação fora buscá-la sua advogada
Devin no seu terno cinza advogado, e o tique-taque do salto alto no ladrilho
anunciava sua chegada, de fato não poderia ser outra pessoa a levá-la. Pode se
dizer que foi a única que se interessou por ela nesses últimos anos. O pai, a mãe
tanto quanto sua irmã, não os vê desde sua prisão. Escreveu inúmeras cartas não
respondidas por Brynn, sua irmã.
Agora de volta para a vida lá fora,
mas não para sua casa, não para seus pais ou para sua irmã, e sim para o lar da
Sra. Gertrudes em Linden Falls, conforme ficou determinado pelo Tribunal.
- Oi, Allison – diz Devin
calorosamente. - Está pronta para sair daqui?
- Estou pronta.
Assim inicia esta história bem contada
por Heather Gudenkauf. Escritora americana residente em Dubuque, Iowa, EUA. Não
é seu livro de estreia, porém mostra como é essa contadora de histórias com
futuro nas letras.
Ao que parece a autora não está
interessada em nos contar o crime, senão que fora homicídio.
Não se fala do motivo, nem se explica
os porquês, apenas a vida continua de onde parou influenciada pelo que a parou.
As memórias a cada capítulo ressurgem
para lembrar quem era Allison. As notas eram perfeitas, atleta em cinco
esportes: vôlei, basquete, atletismo, natação e futebol. Bonita, popular e
nunca estava envolvida em problemas.
Os cinco anos passados em Cravenville,
não foram os melhores, mas também não foram os piores, estes sentimentos são
recorrentes em Allison e ela não consegue compreender como para quem fez o que
fez estar, nesse momento, sentindo PAZ.
Era o que sentia. No caminho para o
centro de reabilitação ela manifesta o desejo de ir primeiro à casa de seus
pais, contudo é dissuadida pela advogada, que aconselha primeiro a se instalar
no lar da Sra. Gertrudes.
Brynn não estava nenhum um pouco ansiosa
por ver sua irmã mais velha, algo se quebrara dentro dela, não sabe explicar o
que lhe aconteceu porque eram tão ligadas e aquela noite em que os fatos se
sucederam fora a gota d’água que as separou de vez.
Tinha a irmã como sua heroína, ela era
tudo que Brynn não conseguia ser. A timidez fora sempre um obstáculo e ninguém
conseguia mesmo competir com Allison.
O impacto causado pela atitude de
Allison catapultou Brynn para o centro das aspirações dos pais, contudo ela não
queria ser a substituta da irmã e a pressão só amentara depois do ocorrido.
Agora morando com sua avó pela
primeira vez na vida Brynn podia ser ela mesma. Longe do brilho da irmã seja
daquele do passado que a deixava sempre na penumbra, seja do atual que a
expunha diante de holofotes como o centro das atenções, estava mais a vontade
para seguir a vida sem ela.
Contrariando sua avó ela nunca
atendera aos apelos de ir ver a irmã na prisão, também jamais deu atenção aos
conselhos de que era melhor responder as cartas e para piorar as coisas, agora
Allison saiu.
Claro que tinha saudades da Allison, aquela
que segurou sua mão quando foi pela primeira vez ao jardim de infância, aquela
que ajudara a escrever as primeiras palavras, aquela que tentava ensinar a
chutar a bola de futebol. Da outra... não tinha saudades.
A sociedade é implacável porque se
para a justiça dos homens cumprida a pena está encerrado o caso para as pessoas
nunca estará. Haverá sempre alguém a lembrar do fato, terá que suportar os
cochichos maliciosos e nesse caso melhor mesmo é mudar-se para bem longe onde
ninguém saiba do acontecido.
Por outro lado, o ex-presidiário
ignora o que passou a família, os pais sempre apontados como os genitores do
criminoso, os irmãos vistos com desconfiança porque é da família.
Difícil o recomeço. O livro fará você
pensar em tudo isso. Fará avaliar seus próprios sentimentos e talvez mude seu
modo de ver as coisas.
É mesmo uma boa reflexão, saiba que
não contei nada, que fui até certo ponto superficial, mas não perca a
oportunidade de ler esta autora que está iniciando porque começou muito bem.
Até outra oportunidade.
Itaúna (MG), 25 de maio de 2017.
Cláudio
Lisyas Ferreira Soares
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