A LETRA ESCARLATE
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A LETRA ESCARLATE
Nathaniel Hawthorne
Para quem não está familiarizado com
o ambiente puritano, esta é uma excelente obra para se ter contato com a
hipocrisia de uma comunidade que se baseia na punição.
Diferentemente do filme a história
começa com a saída de Hester Prynne da prisão até o pelourinho em que será
exposta na praça do mercado.
Só a caminhada da prisão ao mercado
já é uma “via crucis” vexatória para Hester, que trás nos braços o filho de três
meses, sem sequer saber o suplício pelo qual passará sua mãe.
A sentença é de que ficará no
patíbulo à vista de todos por três horas seguidas, e será obrigada a ostentar
uma letra “A” escarlate no peito de suas vestes pelo resto de sua vida.
Estamos em Massachusetts, em pleno
século XVII, numa comunidade puritana na qual o crime ou pecado de adultério é
punido com a morte.
Para as matronas, beatas de plantão,
a pena fora suave demais porque segundo elas a Sra. Hester deveria ser punida
com a morte.
A culpa de Hester começa por ser
bonita demais. Como pode Deus dar tantos atributos a uma só mulher e relegar as
outras ao escárnio do espelho?
O sentimento de repulsa das mulheres
da pequena cidade de Boston é evidente, sendo destaque em toda obra.
A inveja e a hipocrisia andam de
mãos dadas, mas a maledicência está em voga e todos querem porque querem, que
Sra. Hester, revele quem é o pai da criança e ali onde a multidão se aperta por
saciar a curiosidade, todos anseiam pela revelação.
Estão presentes as autoridades. O
governador Bellingham com outros quatro membros da magistratura em redor, no
entanto, quem chama mais a atenção de Hester é o homem branco “que vestia uma
estranha combinação de trajes civilizados e selvagens” ao lado de um índio que
lhe fazia companhia.
De fato aquele homem se interessara
pela triste cena, indagou o que se passava a um dos presentes, sendo informado
do acontecimento, de que Sra. Hester havia sido pega em adultério e agora
estava sendo submetida a uma execração pública cumulada por uma pena perene, de
trazer em suas vestes de forma visível para o resto de sua vida a mácula de
seus atos na forma de uma letra “A” escarlate.
Nesse momento, aquela passividade
demonstrada pelo estranho mais pareceria a quem o visse uma fúria
incontrolável, que imediatamente foi abatida e devidamente colocada de lado,
mostrando se tratar de pessoa capaz de esconder os mais nefastos sentimentos.
Acima
da plataforma em que se encontrava Hester Prynne, havia uma sacada, pertencente
à igreja, lugar de onde se faziam as proclamações públicas da época. Ali
postado na nessa galeria aberta, bradou a voz do reverendo John Wilson, o mais
provecto sacerdote de Boston, erudito, de espírito gentil e agradável.
Porém naquela hora e dada às
circunstâncias nenhum de seus atributos poderiam minimizar o interesse de fazer
revelar quem em seu desatino havia lançado a jovem Sra. Hester no lamaçal dos
adúlteros. Nem os apelos do jovem Pastor Dimmesdale, puderam impedir que fosse
a jovem senhora pressionada a confessar e delatar o famigerado alcoviteiro.
Assim o reverendo John incitou o
jovem Pastor Dimmesdale a convencer Hester de que a delação seria um meio de
minorar a pena. De forma persuasiva o pastor Dimmesdale, inclinando-se para
fora da sacada, tentou dissuadi-la dizendo: “Se tu sentes que é para o bem de
tua alma, e que o teu castigo terreno pode assim ser mais eficaz para a tua
salvação, peço que reveles o nome do teu companheiro de pecado e sofrimento! Não
te cales por compaixão equivocada nem por ternura;...”.
Hester apenas balançou negativamente
sua cabeça. Negando seguidas vezes expor o homem amado e sujeitando-se a cruel
e impassível pena.
Este é sem dúvida um grande
clássico. Memorável em todos os sentidos. A condução do tema e a dissecação do
que pior nos deu o puritanismo justifica a leitura, lembrando que apenas lhes
apresentei um vislumbre da obra.
Apesar de Hollywood ter caprichado
no elenco que contou com a participação de Demi Moore no papel principal,
Robert Duval e Gary Oldmam o livro supera a produção cinematográfica
praticamente em tudo, mas fica aí a dica, sem deixar de insistir com você para
que leia. Privilegie o livro e sua imaginação.
Itaúna (MG), 07.06.2017.
Cláudio Lisyas Ferreira Soares
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