QUANDO OS SINOS SE CALAM

Imagem tirada do google imagens 

QUANDO OS SINOS SE CALAM

Phillip Rock

            O ano em que estamos 2018 é data comemorativa de cem anos do fim da primeira guerra mundial, período compreendido entre 1914 e 1918, responsável pelas maiores mudanças no cenário mundial, causa direta da segunda guerra mundial, portanto com consequências inimagináveis para aqueles que viveram naqueles dias, por que depois se pôde dizer: antes e depois da grande guerra.

            O livro em comento diz respeito a esse tempo e está dividido em três partes, primeiro, segundo e terceiro livro, que pode muito bem ser entendido como antes, durante e depois da guerra.

            A guerra teve seu fim com a assinatura do Armistício Compiègne entre os Aliados e a Alemanha em 11 de novembro de 1918, marcando assim definitivamente o fim de um tempo de muito charme e romantismo.  

            Exatamente esta mutação provocada pelo conflito é o que o autor Phillip Rock pretende mostrar para dar a dimensão ao leitor de como era a sociedade britânica e os ingleses antes do conflito, o que aconteceu com esta sociedade durante o período de guerra e como foram as transformações provocadas no pós-guerra.

            A Inglaterra entra no Século XX como o grande império britânico angariado ao longo de todo Século XIX, portanto, segura de suas conquistas e alheia aos interesses dos demais países europeus.

            A sociedade era extremamente fechada, mantinha uma elite estruturada e rígida com convenções sociais quase intransponíveis, com pouca mobilidade social, relegando as classes mais baixas ao patamar da insignificância.

            Os casamentos eram arranjados e os pretendentes tinham que estar à altura do legado que receberiam, por isso havia a época dos debutes e, portanto, regada por muitos bailes.

            É claro que com o espírito imperialista herdado do século anterior guindou para a elite, os militares, pertencentes ao oficialato, que sendo ou não de classes inferiores, tinham acesso aos eventos promovidos pela nobreza britânica.

            O verão na Inglaterra tem início em junho e vai até setembro. A guerra das guerras começou em 28 de julho de 1914.

            A primavera tinha terminado e com a chegada do verão, os bailes, mas o Conde Stanmore está mais preocupado com suas caçadas. O conde não sabia que o capitão Fenton viria para juntos iniciarem uma caçada em suas propriedades, mas tão logo soube tratou de selar seu cavalo e seguir em seu encalço, porque o capitão já havia saído pouco antes para os lados de Burgate.

            O Capitão Fenton estava sem pressa, porque o que tirara o seu sono foram suas dívidas com a jogatina e a cobrança feita pelo secretário do club Marlbourough, com uma ameaça direta de comunicar o fato ao seu coronel em caso de não pagamento.

            A caçada não era nem de longe qualquer de seus pensamentos, mas sim, como obter recursos para quitar as dívidas. O fato de pertencer ao corpo de oficiais do Coldstream Guards era pesado, porque impunha despesas com roupas e outros apetrechos impossibilitando-o de fazer qualquer retirada extra de seu soldo.

            De fato estava em apuros, o jeito era diminuir a marcha do cavalo e esperar o conde, quem sabe o amigo lhe faria uma contribuição ou empréstimo para aliviar a tensão.

            Sabendo das necessidades do capitão o conde lhe falou sobre a possibilidade de um casamento de interesse e que poderia resolver de vez seus problemas financeiros, mas para o momento poderia lhe arranjar cem libras e isto o fez, sem perguntar qual era de fato o tamanho a dívida.

            A ideia de casamento por interesse não havia passado por sua cabeça, mas ele sabia que era cobiçado nas rodas, tinha boa aparência, era excelente dançarino, um galanteador nato, e dado a tudo isso não teria dificuldades em arrumar casamento com alguém de posses.

            Hannah Rilke, a condessa, espera a chegada de seu sobrinho de Chicago, anda as voltas com a preparação do baile para apresentar sua filha Alexandra, mas o conde está mais preocupado em casar seu filho Charles com Winifred filha do Marquês Dexford.

            Winifred não estava nos planos de casamento de Charles, totalmente apaixonado por Lydia foxe filha de um empresário londrino sem estirpe. Ele sabe que se insistir nisso certamente vai acabar deserdado, porque o conde Stanmore não pretende abrir mão de um casamento entre seus pares.

            Este é o cenário do antes, para saber mais é preciso ler a obra. Trata-se de um romance histórico, mas que vai agradar também às leitoras de romances de época porque o autor também se interessa pelo modo de vida.

            Chega a ser alarmante que não se tenha visto na mídia de um modo geral nada a respeito do fim da primeira guerra mundial, porque em novembro faremos cem anos que terminou o primeiro conflito mundial, ou seja, que vimos à globalização da guerra.

            Ficamos por aqui.              Itaúna (MG), 29 de junho de 2017.

Cláudio Lisyas Ferreira Soares