ADEUS, MR. CHIPS
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ADEUS, MR. CHIPS
James Hilton
Nunca dei a mínima para a opinião de que leio muita
literatura estrangeira, porque o que há de bom na literatura é saber que nela
não há estrangeirices, mas pessoas de carne e osso e por mais fantástico que
seja o mundo em que estão inseridas são como nós, inteligentes, sagazes,
capazes e também vis, más, frívolas, mal
humoradas e etc., numa mistura de nuances que nos deixam ás vezes perdidos
entre os humanos sentimentos que temos, porque até quando somos demasiadamente
racionais, somos mesmo, seres emocionais.
James
Hilton é escritor inglês, muito conhecido por seu romance o HORIZONTE PERDIDO,
que no meu entender seria óbvio da minha parte comentá-lo primeiro, mas sequer o
li e acabei por ler antes este memorável livro de cabeceira – ADEUS, MR. CHIPS.
O livro
é marcado pela simplicidade, trata-se da história de um professor de uma
renomada escola inglesa, BROOKFIELD, que passa pela vida suavemente,
compromissado com seu destino de ensinar e orientar pessoas.
O Sr.
Artur Chipping é pacato, sereno, mas engajado, vê as mudanças de seu tempo à
sua volta com entusiasmo e destemor.
A obra
registra de maneira encantadora o conflito das classes inglesas mostrando o desprezo
das que se consideram superiores e a resolução de acender a lugares mais altos das
tidas como classes inferiores.
Enquanto
isso... é o Sr. Chips quem vai com sua sensibilidade dando o colorido nos
cinzentos dias estudantis de seus alunos.
A obra
principia com o Sr. Chips velho, na idade profética, já vencido pelos anos, sem
deixar por isso de ser espirituoso.
Uma vida
dedicada ao magistério, com “vinte anos
alimentara as ambições da maioria dos outros moços dessa idade. Sonhava
conseguir um eventual cargo de diretor ou pelo menos uma cadeira em alguma
escola realmente de primeira classe.” No entanto, a vida foi passando e ele
percebeu que não tinha os atributos necessários e não era aguerrido o
suficiente para disputar isso com alguém mais viril, assim “aos quarenta achava ele enraizado,
estabelecido e completamente feliz.” Mais uma década e já era o decano do
corpo docente e “aos sessenta já
sob as ordens de um novo e jovem diretor, ele era Brookfield, o convidado de
honra dos jantares, a corte de apelação em todos os assuntos referentes à
história e à tradição de Brookfield.”
E em 1913, aos sessenta e cinco anos aposentou-se.
Ganhou de presente um cheque, uma escrivaninha e um relógio. Atravessou a rua e
foi morar na casa da Sra. Wicket.
Nesse tom
parece que, logo no início e fim de uma crônica, somos conduzidos ao universo
introspectivo do Sr. Chipping e lá encontramos suas reminiscências.
Ele se lembra
do dia em que a conheceu, estava escalando o Great Gable, quando se deparou com
aquela criatura acenando excitadamente do alto de um recife de aspecto
perigoso.
Entendendo
estar a donzela em apuros precipitou-se a socorrê-la e acabou por torcer o
tornozelo, descobrindo assim que ela se tratava de uma alpinista, que por fim
veio em seu socorro.
A Senhorita
Katherine Bridges, tinha apenas vinte e cinco anos, podia ser sua filha, era de
todos os modos que se olhasse uma pessoa improvável para se relacionar com o
Sr. Chips.
Conservador
não imaginava como podia se encantar com uma mulher progressista e liberal,
estranhava que ela o visitasse vindo de bicicleta e sem acompanhante, mas com o
passar do tempo estava completamente apaixonado.
Katherine ao
se despedir dele, após um namoro que começara tão furtivamente, e totalmente
apaixonada e satisfeita que o destino lhe tenha reservado conhecer um ser único
e pronto, despediu-se, dizendo-lhe:
“- Este é um
momento solene, tu compreendes... O nosso último adeus. Eu me sinto mais ou
menos assim como um aluno no primeiro dia de aula contigo. O que tenho não é
medo, nota bem, mas apenas respeito, muito respeito. Devo dar-te senhoria? Ou o
direito será dizer “Mr. Chips”? Acho que “Mr. Chips” fica melhor. Adeus então. Adeus Mr. Chips...”
Este livro
encantou gerações e continua encantando, é óbvio que há muito mais a dizer, mas
o melhor é ler e conhecer este indivíduo singular, que no cinema foi
interpretado por Peter O’Toole e se fossem refilmá-lo hoje teria que ser no meu
modo de ver Tom Hanks.
Não deixe de
ler porque a tradução foi feita por Érico Veríssimo e é maravilhosa.
Itaúna(MG), 25 de agosto de 2017.
Cláudio
Lisyas Ferreira Soares
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