RED HILL

Imagem tirada do google imagens

RED HILL

Jamie Mcquire

            É muito raro de minha parte ler contos, novelas ou romances eróticos, não que tenho qualquer preconceito para com esse tipo de leitura, é que o gênero não me agrada e as poucas vezes que li não me acrescentou nada. Por essas e outras é que evito tais leituras, mas há quem se agrade e nem por isso deixo de ter obras do gênero.

            Estou tocando nesse assunto porque Jamie Mcquire ficou conhecida dos leitores por sua série Belo Desastre que tem uma pegada erótica e que foi uma febre com Cinquenta Tons de Cinza de E. L. James, nesse caso, o assunto é outro o que não impede a autora de se aventurar em cenas apimentadas e de puro erotismo, mostrando que não se divorciou do gênero totalmente, apesar do tom lúgubre da obra. 

            O que me fez comprar o livro RED HILL foi o fato de que ele é uma obra da escritora fora da sua zona de conforto, escrita para o público jovem adulto e a sinopse sugeria um livro de feições apocalípticas, que poderia me agradar em cheio.

            A escrita da autora é bem agradável, fluída e sem exageros, não há nenhum recurso técnico mais profundo e talvez a obra seja mais relevante em sua língua, uma vez que toda tradução, em si, deixa muito a desejar na parte semântica. O Certo é que dependendo do tradutor com a falta de tempo e esmero, naturalmente a obra perde parte do encanto próprio do idioma original.

            Os acontecimentos se passam nos EUA e é contada do ponto de vista de três personagens, que vão narrando a história simultaneamente, ora um, ora outro, em capítulos curtos.

            Temos, portanto, um diálogo de fatos e como são percebidos pelos diversos atores do romance.

 A Scarlet por exemplo é uma mulher, divorciada, de meia idade e trabalha num hospital. Nessa manhã está atrasada, errou a hora, para o compromisso com o cirurgião, o ex-marido Andrew veio buscar as filhas para o fim de semana e não chegou no horário combinado, para mal dos pecados chove lá fora, o clima está péssimo e pode ficar pior. Na correria e também pela chuva despediu-se apressadamente das filhas, entrou em seu carro dirigindo para o hospital enquanto ouvia falar pelo rádio que surgira na Europa uma epidemia, a princípio não levada a sério, por causa dos filmes, livros, estórias em quadrinhos e séries de TV sobre mortos-vivos, mas que agora tomara proporções épicas e de difícil controle.

            Nathan está casado e o casamento depois do nascimento de sua filha se tornou um fardo difícil de carregar, o que alivia e impede que ele deixe sua esposa é a pequenina Zoe, desde que ela nasceu, sua mãe Aubrey se tornou uma vaca miserável e olha que ele já fez de tudo para remediar essa situação, mas parece que Aubrey não é mais a mesma.

            Miranda é filha de pais separados, está no fim da adolescência, ainda apaixonada pelo Bryce - amor de infância, se conhecem desde sempre. Nesse final de semana vão todos, ela, Bryce, Ashley sua irmã e o namorado Cooper para a casa do pai no rancho RED HILL.

            A jornada de todos eles os conduz inesperadamente para o rancho Red Hill, cada qual percorrendo um caminho diferente, certos de que lá é o único lugar seguro contra aquela nuvem de rastejadores que a cada instante se agiganta, aumentando o desespero dos que permanecem sãos.

            Os mortos-vivos ocupam todos os lugares, são atraídos pelos sons e sofrem de uma fome alucinante, apesar de lentos são incansáveis, não bastando arrancar-lhes os braços ou mesmos as pernas, porque continuam se arrastando até serem atingidos em seus crânios.

            A contaminação se dá pelas mordidas desferidas nos encontros com os humanos sadios. Dos que sobrevivem, alguns levam mais tempo que outros para manifestar a transformação, contudo no final o resultado é o mesmo, acabam por se transmutar para aquele indivíduo de olhos baços, andar ritmado e vagaroso, sem se falar no mal cheiro de putrefação, porque os corpos vão se decompondo à medida que não se alimentam de carne humana fresca.

            O mundo está um caos e nada é confiável, todos temem que não haja uma cura e que nunca mais viverão como outrora, porque aquele mundo de antes, ACABOU.

            Está aí uma ideia do mundo caótico de Red Hill e você está convidado a participar dele lendo, porque ainda não está disponível em filme.

Itaúna (MG), 07 de abril d 2020.

Cláudio Lisyas Ferreira Soares