UM CAPRICHO DOS DEUSES
UM CAPRICHO DOS DEUSES
Imagem tirada do google imagens
Sidney
Sheldon
Sidney Sheldon era leitura obrigatória entre minhas
colegas de sala no colegial. Virava e mexia a gente esbarava com alguma delas
lendo uma obra desse autor americano.
Afora a crítica literária não o considerar um autor de peso como já tive oportunidade de falar em outro comentário, o fato é que ele sabe muito bem amarrar uma trama e domina com excelência o ritmo da narrativa, é impecável quando quer fazer mistério e esconde com primazia o que o enredo só lhe dará no final, enfim se você começou irá até o fim, porque é extremamente habilidoso para te prender e envolver encantadoramente na malha dos acontecimentos.
Esta obra é de 1987, pertence ao período de sua
maturidade como escritor, já estava consolidado no mercado editorial e podia
calmamente dedicar-se ao ofício que o seguiria até o fim de sua vida, porque
viver de literatura é difícil ainda hoje, que dirá naqueles tempos.
O romance tem prólogo e epílogo e o corpo da obra está
dividido em três livros com trinta e um capítulos, mas não se assuste são
capítulos curtos, na verdade uma verdadeira aula de como escrever um livro sem
ser enfadonho. A escrita é ligeira, fina, sem enrolação, é também contínua e a
mudança de assunto ou ambiente é bem definida, não causa confusão na mente do
leitor.
O prólogo, intencionalmente premeditado, te introduz em
uma reunião secreta em Perho na Finlândia, sete homens com codinomes estão
reunidos numa cabana no meio do nada e a certa altura a discussão fica bastante acalorada. O presidente acabou decidindo por um ponto final e que
estava na hora de colocar o plano em votação. A aprovação não foi unânime, mas
teve maioria absoluta, com o resultado favorável de cinco a dois.
Nos Estados Unidos da América em um salto para trás no tempo,
rolava o que se pode dizer de barbada, porque não haveria páreo para Stanton
Rogers que estava à frente nas pesquisas, era carismático e caíra no gosto do
público, com tudo indicando não ser possível o outro candidato como próximo
presidente a ocupar a casa Branca em Washington DC.
“Infelizmente a libido interrompeu sua carreira.”
Foi
difícil acreditar que Rogers afinal se deixara levar pelos encantos não tão
encantadores de Bárbara. Os colunistas tiveram um prato cheio, um escândalo
amplamente explorado e que terminou em divórcio, apimentando ainda mais as
matérias dos tabloides e dos jornais em geral.
Em política é preciso pensar rápido e mais rápido ainda em
um substituto que fosse capaz de fazer os eleitores esquecerem o episódio
desastroso, chamado Stanton Rogers e o partido que o apoiava, mas incrivelmente
não foi difícil escolherem outro nome, porque estava ali mesmo: Paul Ellison.
Era amigo de Stanton cursara Yale e se formara na
faculdade de direito de Havard. Se Stanton era o cometa certamente Ellison era
a cauda e com a derrocada de Rogers as coisas se inverteram catapultando Paul
ao estrelato político. E não deu outra Paul Ellison terminou sua trajetória, depois
de quinze anos é claro, eleito Presidente dos Estados Unidos da América. É assim
que Sidney Sheldon nos traz de volta aos dias da reunião do prólogo.
Paul após assumir a cadeira de presidente se revelou
audacioso e inovador, queria fazer uma aproximação entre o governo americano e
a Romênia pertencente ao bloco socialista do leste europeu. Isto contrariava
interesses internos e externos porque eram os anos da guerra fria, apesar de já
estarmos no fim dos anos oitenta.
Ellison estava mesmo disposto a fazer uma mudança
drástica nas relações internacionais com os países da cortina de ferro e em seu
discurso deixou muito claro sua postura quanto a assuntos do gênero, quando
disse: “- ... Muitas pessoas no governo e também na iniciativa privada que
insistem em que os Estados Unidos devem abrir mais fossos, em vez de
construírem pontes. A minha resposta é de que não temos mais condições de nos
condenarmos nem a nossos filhos a um futuro ameaçado por confrontações globais
e guerra nuclear.”
Ouvindo-o pelo rádio estava Mary Ashley que pensou: “Fico
contente em ter votado nele. Paul Ellison vai ser um grande presidente.”
Sidney Sheldon é grande criador de personagens femininas
e é assim que ele nos apresenta a protagonista desse livro, uma americana,
professora, interiorana, porém culta e ativista, mãe exigente e esposa
dedicada, uma figura inesquecível de caráter firme e ideias raras, cheia de
ideais modificadores da realidade.
Meus caros leitores sejam bem vindos a esta obra que li
em três dias, mas que poderia ter lido em apenas um de tão encantadora que é.
Não se assuste por ter ela 425 páginas, porque a editora Record fez um trabalho
primoroso, tem margem de um dedo folgado, escrito em letras maiores que as
comumente usadas, o espaçamento entre as frases traz conforto ao leitor e o papel é de qualidade, pois tem espessura que dá segurança ao manusear a obra.
Cláudio Lisyas Ferreira Soares
Itaúna-MG,
12 de setembro de 2020.
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