DUPLA INDENIZAÇÃO
DUPLA
INDENIZAÇÃO
James
M. Cain
Este é um daqueles livros de linguagem direta sem
rodeios, à vezes duro como um murro no estômago.
Narrado em primeira pessoa a história é contada pelo
anti-herói. Toda a perspectiva da narrativa é do ponto de vista do
protagonista, são suas as impressões e os julgamentos e tanto o plano e as
soluções propostas pelo drama criado por ele mesmo são orquestrados pela sua
batuta, mas nunca o desfecho.
O autor James M. Cain é do final do século dezenove
(1.892) falecendo depois da metade do século XX (1.977), primeiramente foi
repórter, tendo trabalhado em diversos jornais e servido na primeira guerra
mundial até tornar-se roteirista de Hollywood. Mas só em 1934 escreveu seu
primeiro livro O DESTINO BATE À PORTA, que apesar do sucesso imediato, veio a
ser censurado e julgado por obscenidade em Boston.
Sua influência é inegável, tanto que foi considerado
inspiração para romance O ESTRANGEIRO de Albert Camus, tendo também seduzido
uma gama enorme de cineastas.
Esta novela policial é cheia de diálogos, a ação é
contínua sem grandes arroubos, porém com reviravoltas capazes de ir prendendo o
leitor na teia e ardis do personagem principal, tudo transcorrendo em apenas
131 páginas, dá para se ler em um dia.
O autor é o legítimo representante da escola hard-boiled,
uma forma mais “dura” do romance noir.
Tudo começa quando um corretor de seguros indo a Glendale
para incluir três novos motoristas de caminhão na apólice de uma cervejaria,
lembrou-se de uma renovação de seguro em Hollywood.
Chegando ao destino uma casa muito comentada, cujo
apelido não é nada convidativo, pois conhecida como casa da morte, o agente de seguros
Walter Huff vai direto ao assunto perguntando à empregada se o Sr. Nirdlinger estava.
Ela que havia posto somente a cara para fora sem abrir totalmente a porta
respondeu perguntando:
“- Não sei meu senhor.
Quem quer falar com ele?”
Nesse trabalho a parte mais difícil é entrar e como ele
era evasivo às perguntas da empregada foi informado, que ela não estava
autorizada a deixar entrar quem não dissesse o que desejava.
Por
outro lado dizer o que pretendia normalmente levava as pessoas a dizerem que o
patrão não estava no momento. Foi quando ocorreu-lhe dizer que já havia
agendado a visita com o Sr. Nirdlinger, mas que se ele não estivesse em casa
voltaria outra hora.
Assim parecendo à empregada que se tratava de um velho
amigo ficou constrangida de dispensá-lo imediatamente, e convidou-o para entrar,
a artimanha dera resultado e lá estava ele dentro da casa e já sentado no sofá
onde acomodou o chapéu. O estilo espanhol da casa e de seus móveis chamava a
atenção, bonitos porém duros de se sentar.
Enquanto observava as acomodações ouviu uma voz suave:
“- Pois não.”
E lá estava uma mulher, nunca a tinha visto antes. Tinha
trinta e um ou trinta e dois anos, expressão suave, olhos azuis e cabelos
louros sem brilho. Era de pequena estatura e trajava um conjunto azul de ficar
em casa. Parecia abatida.
Ao dizer o que pretendia, falar com o Sr. Nirdlinger, foi
informado de que ele não estava no momento, o jeito então foi abrir o jogo,
tratou de se apresentar dizendo que era Walter Huff agente de seguros da
General Fidelity da Califórnia. Informou também que tinha um seguro de carro
com o Sr. Nirdlinger e que o mesmo venceria daqui a duas semanas, tendo
prometido que o avisaria quando fosse a hora de renovação do seguro, mas que
não tinha o interesse de incomodá-la.
“Seguro?”
Quis saber que tipo de seguro, disse também que não
acompanha essas coisas.
O Sr. Huff concordou e disse que ninguém acompanha até
acontecer alguma coisa, acidente, incêndio, colisão, roubo, responsabilidade
pública, coisas do gênero.
A Sra. Nirdlinger disse que o marido estava interessado
em se tornar sócio do Automóvel clube e tinha o seguro deles. Com essa
informação Huff tratou logo de elogiar os parceiros, pois sabia não ficava bem
falar mal da concorrência.
Foi quando de repente ela olhou para ele e aquele frio
subiu-lhe pela espinha até a raiz dos cabelos.
Nada melhorou quando ela perguntou:
“- O senhor trabalha
com seguro contra acidente?
Se você é novo no gênero, esta é sem dúvida uma classe
desse tipo de romance ou novela que cai bem no trato de quem gosta de situações
embaraçosas, que sempre envolvem intrigas e maquinações maquiavélicas.
Você
só vai parar quando acabar, portanto comece sua leitura agora.
Itaúna,
20 de março de 2022
Cláudio
Lisyas Ferreira Soares
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