MEIO REI
MEIO REI
Joe
Abercrombie
Tenho
procurado ler livros variados e de quando em vez sou surpreendido por algo que
não era de fato esperado, principalmente porque o tema é voltado para aventura
e fantasia.
Isto aconteceu com este livro de Joe
Abercrombie, estava apenas fazendo uma leitura de entretenimento, não tinha
outro objetivo em mente.
No entanto, deparei com um livro bem
construído, personagens estruturados e psicologicamente em transição.
O autor não é mais um iniciante ou
desconhecido, tem feito bastante sucesso, mas eu não o conhecia, nunca tinha
lido qualquer de seus livros. Devo confessar que tenho certa aversão a livros
em série, talvez porque não goste de novelas como as globais que se arrastam
infinitamente de acordo com o IBOPE, da mesma forma que não gosto de séries da
TV americana, que têm aquele gosto de enlatado a ser comercializado por
pacotes.
Enfim, o autor me pegou
desprevenido, é de fato um escritor de peso, não posso dizer se vai manter a
pegada, nem sei dizer se as demais obras da série me soarão previsíveis no
futuro, todavia a trilogia MAR DESPEDAÇADO teve início espetacular e me fará
ler a sequência.
Curioso investiguei, na internet, o
Sr. Joe Abercrombie e descobri se tratar de um escritor britânico, autor de
outra série de fantasia famosa, a trilogia A PRIMEIRA LEI. Formado em
psicologia, daí seus personagens serem psicologicamente interessantes e o livro
ser em alguns momentos reflexivo.
Mar despedaçado é um mar encapsulado
por terras divididas e governadas por reis semi-independentes, ou seja, de
soberania limitada e autonomia irrestrita, porque todos estão sujeitos ao rei
supremo de Skekenhouse.
Existem animosidades entre os reinos
pertencentes a esta aliança e um fio tênue que mantém a paz, que mais parece
uma trégua, entre eles.
Yarvi é filho do Rei Uthrik, o
segundo na linha sucessória do trono negro, porém fadado a nunca, jamais, assentar-se nele, porque num
reino como Gettland não há espaço para imperfeições e ele nascera com uma
deficiência na mão esquerda.
Era maneta, tinha na verdade um
cotoco na extremidade do antebraço esquerdo de onde saiam dois dedos em lados
opostos que mais parecia protuberâncias disformes, o que aumentava seu
desconforto.
Crescera sabendo de tudo e de todos
que não poderia assumir ou pretender ser algum dia o rei.
Confrontara o problema diversas
vezes, mas nada o machucava mais do que a opinião do pai que incisivamente
deixava claro sua condição e que somente um na casa real preenchia os
requisitos para ser rei após sua partida e esse era seu irmão.
Certa vez Yarvi disse ao pai: “Eu
não pedi para ter meia mão” tendo recebido como resposta: “e eu não pedi para
ter um meio filho”.
Sendo em princípio este o tema
central do livro, tudo começa com o impossível, Yarvi já conformado com seu
estado, deixado aos cuidados de Mãe Grundring, responsável por fazer dele um
futuro ministro, recebe a notícia de que seu pai e seu irmão foram vítimas de
uma emboscada e ele é aguardado para comparecer ao funeral.
O livro inicia assim: “SOPRAVA UM
VENTO FORTE, na noite em que Yarvi descobriu que era rei. Ou pelo menos meio
rei.”.
A vida é uma peça não ensaiada, as
coisas acontecem e seguem sem premeditação ou arranjos, quem diria... YARVI
agora é o rei de Gettland.
Surpreso e aturdido não administra bem a
mudança de seu “status quo”, não consegue se imaginar um rei, não tinha querido
aquilo ainda mais daquela forma.
Sabendo que eles foram fazer um
acordo de paz com o rei de VANSTERLAND, Grom-Gil - Gorn, o novo rei de
Gettland, Yarvi, faz um juramento de vingança contra os assassinos de seu pai e
de seu irmão.
Refletindo sobre seu juramento
afirmou para si mesmo que: “Jurei vingar a morte do meu pai. Posso até ser meio
homem, mas sou capaz de fazer um juramento por inteiro”.
Começa assim, a jornada do novo rei
de Gettland e você se surpreenderá com o desenrolar da história.
Espero que, lhe tenha passado a
ideia da obra, mas me interesso mesmo é que você a leia.
Boa sorte será uma viagem
inesquecível.
Itaúna(MG), 15.02.2017.
Cláudio Lisyas Ferreira Soares
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