NO REINO DAS SOMBRAS

 


Imagem tirada do google imagens

No reino das sombras

Alan Furst

            O romance de espionagem teve seu auge com a guerra fria, período pós segunda guerra mundial, que perdurou até a queda do regime socialista soviético em 1991, verdade da qual tenho minhas dúvidas, porque as velhas tensões só se transferiram para outras potências antagônicas, basta ver atualmente as querelas entre os Estados Unidos e a China, para se sentir o mesmo clima havido anteriormente.

            Pensava-se que o gênero desaparecera e grandes escritores como Grahan Greene, John Le Carré mesmo Frederick Forsyth e Robert Lundlun estavam fora de moda, mas para aqueles que curtem uma intriga internacional e os bastidores dos conflitos políticos, certamente se alegraram ao ver o surgimento de um novo escritor, que talentosamente fez reviver o seguimento, o americano Alan Furst.

            O romance em questão é No Reino das Sombras, uma história que e passa no final dos anos trinta combinado com a ascensão do nazismo na Alemanha, momento em que Hitler reivindica territórios perdidos na primeira guerra mundial, sendo esse o cenário preparatório da Segunda Guerra mundial, no qual conheceremos Morath o sobrinho do Conde Janos von Polanyi.

            Hitler anexa a Áustria sem nenhuma resistência, sendo um eufemismo falar em tomada, porque tudo leva a crer que foi de comum acordo, isso nos idos dos anos de 1938. No ano seguinte volta seus apelos para a Techoslováquia alegando que os territórios eslavos pertenceram ao antigo império austro germânico e obviamente a Hungria era uma questão que se seguiria, bem como, a Polônia cuja “diplomacia” alemã procurava assegurar mediante um tratado com a Rússia. A sua não intervenção no caso de invasão.

            Nicholas Morath, húngaro de nascimento sempre esteve a serviço de seu tio o Conde Polanyi, fazendo incursões ora na Hungria, ora Techoslováquia em operações quase suicidas para retirada de dissidentes dos regimes autoritários e principalmente agora sobre a sombra do Füher.

            Está de volta a velha Paris, pois acaba de chegar de Budapeste no trem noturno que parou na Gare de Nord, logo depois das quatro da manhã. Seguiu direto para o lado de fora da estação ao ponto de táxi, tendo o chofer estacionado ao lado, com ele ingressando imediatamente no carro, jogando ao chão as malas e dizendo logo:

- Avenue Bourdonnais, número oito.

           A expectativa era grande, queria ver outra vez Cara, uma argentina de Buenos Aires, ela vinte seis anos e ele quarenta e quatro, mas por baixo dos lençóis tudo se igualava, apesar da diferença de idade.

            Estava curiosa, perguntou como fora a viagem e ele respondeu:

- A Áustria está um pesadelo.

Ao que ela respondeu:

- É mesmo, ouvi no rádio.

           Pendurou o terno no cabide, a camisa e a cueca colocou na cesta.

- Os nazistas estão nas ruas de Viena.

            A menina queria apenas o calor de seus braços e nos abraços aliviar-se de suas aflições, enquanto podia contar com ele por perto, por tudo isso ela odiava sua ausência, principalmente odiava seu tio Polanyi.

            No dia seguinte, outra vez o Conde estava requisitando os trabalhos do sobrinho o que certamente significava longos dias de espera para Cara e seu coração lhe dizia que ele estaria em perigo mais uma vez.

            Nisso ela não errou, Morath teria que atravessar as linhas inimigas, para buscar na Hungria um amigo do Conde que estava em perigo, pois a “SS” de Hitler estava à sua procura. Sobrara para o sobrinho retirá-lo a salvo da mãe Pátria e trazê-lo a Paris. A tarefa não seria nada fácil e a fuga teria que se dar pela fronteira, exatamente lugar mais vigiado pela inteligência do inimigo, porque não só a “SS” estava de prontidão como a GESTAPO também queria mostrar serviço, fazendo patrulhas urbanas à procura de um troféu a ser apresentado ao Füher, tudo isso sem se falar nas unidades da Wehrmacth acantonadas na fronteira.

            Bem, quem está na chuva é para se molhar, foi assim que Morath partiu rumo a sua terra natal infestada pelos nazis. Aqui começa esse romance de puro quilate.

            Sejam bem vindos ao mundo dos espiões, das chantagens, dos disfarces, do temor constante e da palpitação frenética imposta pela fuga debaixo de bala, porque os que se aventuram não têm amigos, principalmente se se deixarem capturar. A espionagem é o campo minado de que trata o último capítulo de a “ARTE DA GUERRA” de Sun Tzu e Nicholas Morath se trata do quinto tipo, a dos espiões sobreviventes, dos que trazem notícias do acampamento inimigo.   

Itaúna-MG, 19 de janeiro de 2021.

 

Cláudio Lisyas Ferreira Soares. 

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