O CÍRCULO VERMELHO

 

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O CÍRCULO VERMELHO

Edgar Wallace

            Edgar Wallace, hoje, esquecido do grande público de leitores de novela policial é sem sombra de dúvidas um mestre no assunto. Nasceu em 1875 no esplendor da era vitoriana. Filho ilegítimo de atores veio a ser criado por um casal de comerciantes de peixe, que já tinham dez crianças, fez de tudo na vida, jornaleiro, tipógrafo, entregador de leite e até trabalhou como vendedor de sapatos em lojas do ramo. 

            Era irrequieto, acabando por alistar-se no exército e logo enviado à África do Sul participando assim da guerra dos bôeres. Lá teve seu primeiro contato com as letras na seara do jornalismo, daí para a literatura foi um pulo, publicou poemas a la Kipling e depois alguns romances no estilo de Dickens.

            Após estas experiências aventurou-se na novela policial tornando-se um exímio escritor de histórias de crime e mistério, chegando a marca, em certa época, de um em cada quatro livros vendidos na Inglaterra ser de sua autoria. Escreveu ao todo 127 novelas em 27 anos, era excelente pai de família, mas chegado a corridas de cavalo. Morreu em 1932 deixando dívidas, mas tais dívidas foram logo superadas por polpudos direitos autorais, que ergueram novamente os herdeiros.

            Assim como muitos escritores de hoje, ele flertava com o cinema e o teatro, com inúmeras obras adaptadas e que caíram no gosto do público da época. Escrevia roteiros para o cinema e o mais famoso foi o de KING KONG, o falecimento inclusive se deu em Hollywood. Estas informações foram tiradas da introdução de Paulo Mendes Campos feitas a esta obra.  

            O livro traz antes do prólogo a cena do filme “O círculo Vermelho”.

            Este foi o penúltimo livro lido em 2020 e o único que li em 24 horas. A novela de que falamos tem exatamente 159 páginas e a fonte utilizada pela editora EDIOURO é pequena, mas confortável. Ficou comprovado para mim a máxima sobre o autor “é impossível não se viciar em Edgar Wallace.”, bem como, ele está aprovado na prova dos nove para escritores do gênero de que a novela policial tem que prender o leitor, seja ele qual for, da primeira à última página. Foi o que esta obra fez comigo e só sosseguei, quando terminei.

            O prólogo intitulado como O PREGO, narra o episódio da execução de um criminoso inglês cognominado Lightman, que era o motivo da vinda de Monsieur Victor Pallion a Toulouse na França, justamente no dia do seu aniversário dia 29 de setembro.

            A guilhotina havia sido montada com muita destreza e suas peças já se encontravam lá desde a meia noite, apesar do preparo dos montadores e talvez pela influência do vinho da sul da França, por algum motivo a lâmina não caía como devia.

            Em atitude exasperada Monsieur Pallion disse “– Vou dar um jeito nisso.” Cravou assim um prego na armação da guilhotina em lugar que não deveria estar. Quatro horas mais tarde o prisioneiro fora conduzido ao cadafalso, momento em que, já claro o dia um fotógrafo tirou uma foto do vulgo Ligthman.

            “- Coragem. Murmurou Monsieur Pallion.”

            “- Vá para o inferno!” Respondeu o condenado.

            O Carrasco Pallion puxou uma alavanca, a guilhotina despencou – até o já citado prego e parou.

            A coisa toda se repetiu por mais três vezes sem o resultado esperado.

            A multidão revoltada rompeu o cordão de isolamento e a milícia foi obrigada a recolher o condenado a prisão novamente.

            “Onze anos mais tarde, este prego matou muita gente.”

            É assim que esse escritor britânico fisga o leitor, pois tem uma narrativa rápida, clara, concisa e como ótimo novelista, que é, prepara a cena posterior deixando um gancho, que te obriga a ler o capítulo seguinte e ao término de cada capítulo outro gancho é deixado, para que o leitor prossiga até o final surpreendente e inusitado.

            Fica aqui o convite e o desafio para que você leitor, se dê esta oportunidade, de encantar-se com aquele, que certamente foi o mais prolífero e espetacular escritor do gênero em seu tempo.

Itaúna(MG), 05 de janeiro de 2020.

 

Cláudio Lisyas Ferreira Soares      

           

                 

     

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