O JARDIM DE OSSOS






O JARDIM DE OSSOS

            Sempre tive aquele desejo de comprar livros, de lê-los e formar com eles uma biblioteca, para tê-los ao alcance de minhas mãos para a leitura.
            Cada compra foi minuciosa e teve uma razão de ser, por fim descobri que não comprei todos da mesma maneira, alguns os comprei por fazerem parte dos clássicos: Os três mosqueteiros, Ivanhoé, Hamelet, etc ...; outros por sua vez, por pura curiosidade: A bibliotecária, O amor em minúscula e muitos por desejo irrefreado, quase compulsivo, de consumo: A guerra dos tronos, pilares da terra, O senhor dos anéis. O certo é que se tornou por assim dizer uma coleção de livros eclética. Há dramas, tragédias, comédias, suspense, terror, espionagem, históricos, religiosos e até melosos.
            O que importa é que estou lendo e saciando prazerosamente um desejo, que se tornou um hábito, mas não um vício.
            Hoje quero falar sobre uma autora da nova safra americana, Tess Gerritsen, sua origem é sino americana, médica de profissão, deixou a carreira de medicina para dedicar-se exclusivamente a literatura, o que se deu com a publicação de seu primeiro romance HARVEST. O sucesso de crítica e público foi instantâneo propiciando que deixasse totalmente de lado sua profissão. Prolixa, de imediato escreveu oito romances de suspense um após o outro.
            Dessa autora li apenas um livro, O JARDIM DE OSSOS, sendo que havia comprado a obra interessado em ler primeiro DUBLÊ DE CORPO, pois trata-se de um livro dois em um, mas a narrativa do livro O jardim de Ossos me prendeu e quando em  uma de minhas incursões a estante ... decidi levar a cabo a leitura, se tornando este o livro de estreia dessa autora.
            Já havia comprado outros livros de Tess, O CIRURGIÃO, O PECADOR, mas foi O JARDIM DE OSSOS aquele que me vez navegar nas páginas impregnadas do pensamento fluído da escritora.
            A obra aborda com singularidade o tempo, ora narrando uma história no presente, ora no passado, ambas, no entanto, relacionadas ao local que no presente é objeto de uma compra imobiliária.
            Mas como todo tipo de obra que transita entre passado e presente, presente e passado, é natural que de acordo com o gosto do leitor que ele se apegue mais a uma história do que a outra, o que não foi diferente nesse caso, porque comigo aconteceu de estar mais interessado no desenrolar da história do passado do que na do presente.
            Não se preocupe a autora faz bem a transição e você só se perderá se fizer uma leitura desatenta ou truncada demais, porém se for metódico mesmo que interrompa em algum momento a leitura sempre voltará sabendo o que aconteceu na interrupção da história.
            A história do presente está mais preocupada em vasculhar o passado da propriedade, principalmente após a descoberta de ossadas no Jardim da casa e por fim de cartas em um baú, aliás é com essa carta que inicia a obra, alguém de um passado distante escreve a parentes narrando sua tempestuosa trajetória no mar da sobrevivência, num tempo de intolerância.
            Assim à medida que no presente uma mulher machucada por suas relações amorosas descobre, na narrativa das cartas, uma identidade com as agruras da mulher que as escreve, se vê ocupada com as descobertas do passado.
           Forçosamente tal atitude a arremete em busca de saber tudo que se passou com sua amiga de aflições em outra época e à medida que o passado se descortina por meio de encontros com o ex proprietário e descendente da escritora das cartas, ela vê a oportunidade de solucionar seu conflitos afetivos, uma vez que as visitas a põe em contato com outro membro da família.
            Enquanto isso, no passado, mais precisamente novembro de 1830, deparamos com a condição humilhante das mulheres, criadas para casarem-se sem outras aspirações e as que as tem, seguem silenciando sua vontade.
         Nesse instante nos deparamos com uma jovem de dezessete anos, Rose Connolly, que está ao lado de Aurnia, sua irmã, grávida e em trabalho de parto.
        Os métodos pouco convencionais já submeteram sua irmã grávida a inúmeras sangrias por causa da pressão alta.
       Há uma precariedade em todos os sentidos, faltam leitos, faltam medicamentos e as técnicas eram rudimentares, sem se falar que os médicos eram como deuses do Olimpo, inquestionáveis.
      Todo o clima tinha ainda que conviver com a desgraça de sucessivas mortes, sem se falar no fedor do ambiente, face a falta completa de higiene.
      Rose não quer mais nenhuma sangria na irmã, pois vê a face cadavérica da irmã e crê que ela não suportará mais uma intervenção do gênero.
      Apela para o bom senso, mas não obtém nenhum resultado, mesmo achando graça em um dos alunos da escola de medicina da cidade, sua insistência apenas submete o jovem candidato a doutor a uma humilhação por parte de seu superior e médico responsável pelo hospital.
      Não bastasse toda essa controvérsia e as ameaças de retirá-la do local caso interferisse mais uma vez nos trabalhos do médico-mor, toda a cidade estava em polvorosa, por que concomitantemente às mortes no hospital, ocorriam mortes alardeadas aos quatro ventos do que ficou conhecido como o Estripador de West end.
      No vai e vem, de passado e presente é que o leitor nesse suspense médico descobrirá quem é o autor dos homicídios.
   Como em todo bom suspense o que importa é esconder bem o assassino, está aí uma obra que fará você exercitar seu talento dedutivo.
     Boa leitura.
     Não tive tempo para revisão, por isso conto com sua compreensão.
     Itaúna(MG), 12 de novembro de 2015.

Cláudio Lisyas Ferreira Soares.

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