O PAI QUE ERA MÃE
O Pai que era mãe
A curiosidade levou-me a comprar
esse livro. Primeiramente não conhecia e nunca tinha lido qualquer coisa da
produção literária de Ruy Castro.
Revelador foi o impacto que a obra O
PAI QUE ERA MÃE me causou, no mínimo surpresa e das boas. O escritor se mostrou
sucinto, breve, pois a novela tem precisamente 80 páginas e o autor não
precisou de mais nenhuma para nos brindar com uma comédia de costumes agradável
e de fácil leitura.
Pois bem, diante de tal encantamento
me vi ansioso em pesquisar sobre o autor, descobrindo que se trata de escritor MINEIRO, nascido em 1948, na Cidade
Caratinga, hoje radicado no Rio de Janeiro, e cidadão benemérito da capital
fluminense.
Entusiasta escritor de biografias, tais como O Anjo Pornográfico (a vida de Nelson
Rodrigues), Estrela
Solitária (sobre Garrincha) e Carmen (sobre Carmen
Miranda), livros
de reconstituição histórica como Chega de
Saudade (sobre a Bossa
nova) e Ela
é Carioca (sobre o bairro de Ipanema, no Rio) e em livros de ficção como o livro Era no Tempo do Rei (sobre a chegada da corte
portuguesa no Rio de Janeiro), fato histórico que o autor trata de maneira
jocosa, sua marca registrada.
O livro é narrado pelo pai,
em primeira pessoa.
Este
escritor nacional, ainda vivo, faz-nos ter esperança nas letras tupiniquins,
porque nessa obra Ruy Castro aborda tema atual em que um pai divorciado tem que
lidar com a viagem da ex-mulher para fora do país, mais precisamente Madri,
onde pretendia ela, segundo o pai, tourear um nobre rico espanhol com vistas a
um casamento chique.
Apesar
de solicito, o pai, de pouca convivência com as filhas, Patrícia de treze anos
e Beatriz de nove, se viu em apuros, quando apareceu em casa acompanhado de uma
estudante de Letras de dezenove anos. É assim que tudo começa as filhas de
humor ácido, corrosivo e letal não poupam críticas sobre a fulaninha disparando
de imediato “PAIÊ, MAIOR BOLA FORA QUE ESSA IMPOSSÍVEL”, sim é de dar dó porque
a garota era um pedaço de mau caminho e o pai até então adorava desfilar com
ela por aí, pois ele já passara dos quarenta e ostentar um taco de mulher como
aquele o fazia se sentir o descasado mais afortunado das redondezas.
Com esse
balde de água fria e a incansável tenacidade das filhas o melhor mesmo é ele
mudar de freguesia e procurar alguém mais próximo de sua idade, já que se
sentira ridículo com a verdade explícita e fulminante de suas rebentas.
Outras
situações pouco comuns para um pai descasado vão se sucedendo e ele se vê
sempre em apuros, tendo que dar satisfações de porque estava comprando
absorventes, uma vez que Patrícia sua filha mais velha ficara menstruada pela
primeira vez e o farmacêutico ficara especulando para qual de suas namoradas
estaria ele levando tal produto.
A sucessão
de maus entendidos faz com que o pai fique aflito para se livrar de suas filhas
ou que sua ex-mulher retorne para levá-las.
Não bastasse
isso, arrumou outra namorada e para evitar constrangimentos foi logo
perguntando: “E aí filha gostou da Mônica?” “Adorei” ela respondeu e emendou
“Com aquele vestido longo preto, parecia a madastra da branca de neve.
Principalmente quando me ofereceu a maçã.”
De fato era
caso perdido, qualquer mulher não serviria para o pai.
Falar mais
dessa novela de Ruy Castro seria estragar a prazerosa leitura e fulminaria a
relevância da descoberta de um escritor que é motivo de orgulho para Minas
Gerais.
Recomendadíssimo,
principalmente, para dias de depressão.
Voltaremos
neste mesmo jornal.
Itaúna (MG), 30 de setembro de
2015.
Cláudio Lisyas Ferreira Soares
Comentários
Postar um comentário